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Juros: cuidado para o remédio não se tornar um veneno

Que a inflação é a grande preocupação nas principais economias pelo mundo afora não há dúvida. Que o uso da política monetária, em especial a taxa de juros, é um instrumento consagrado para controlar os preços, também não há dúvida. A questão que se apresenta é: qual a dose certa para que o remédio não se torne um veneno?

Neste contexto, o remédio seria o controle efetivo da inflação. Ao reduzir o dinheiro em circulação via aumento de juros, quer porque os agentes superavitários se sentem estimulados a aplicar seus recursos disponíveis, quer porque os agentes deficitários adiam suas compras devido ao elevado preço do dinheiro, a consequência esperada é a redução dos preços, portanto, controlar a inflação.

Por outro lado, uma dose acima do necessário, transformando o remédio em veneno, pode engessar a economia, tanto é verdade que, os agentes econômicos passaram a projetar uma provável recessão econômica para o ano que vem. isso seria em nível mundial e consequências danosas as economias dos países.

É fato que as Autoridades Monetárias não podem ficar inertes em relação ao combate a carestia, afinal, inflação alta prejudica principalmente os mais pobres, também é certo que tudo tem seu limite.

Os sinais de que a dose de juros para controlar a inflação passou do ponto ficam evidentes quando o desempenho dos setores da economia começa a patinar. Os primeiros sinais vêm do desempenho da indústria, quando suas vendas caem por falta de compradores por parte do setor terciário, notadamente o comércio, e logo em seguida atinge o setor de serviços. Somente a agropecuária demora um pouco mais para sentir o efeito dos juros acima do ponto.

Outro sinal de que a dose foi elevada é no tocante ao consumo das famílias. A renda não é suficiente para manter o nível de compras necessário, e com o crédito caro, o apetite dos consumidores cai. Quando atinge o apetite dos investidores no setor produtivo, aí o veneno passa a ser realidade.

A retração econômica em economias do potencial da americana faz estrago em escala mundial. Retração em economia como a brasileira, faz estrago principalmente junto as pessoas mais carentes.

Em resumo: que a alta dos juros tanto no Brasil como nos Estados Unidos seja balizada de tal maneira que os preços caiam ou se estabilizem e que haja sensibilidade das Autoridades Monetárias dos dois países de tal ordem, que saibam o momento exato de parar de enxugar liquidez do mercado.

A política monetária não pode ser em dose muito elevada, que para combater a inflação, deixe efeitos colaterais graves, principalmente nos mais pobres. Se isso ocorrer esta camada da população perde duas vezes: pela carestia e pela falta de oportunidade para gerar renda.

Todo cuidado para o remédio não virar veneno, é pouco.

? www.reinaldocafeo.com.br

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