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PIB brasileiro: a análise técnica

O economista Reinaldo Cafeo escreve hoje sobre a relação entre os poderes em Bauru. Confira no blog de Reinaldo Cafeo Soluções em Gestão.

O crescimento econômico brasileiro neste ano pode ser próximo a 3% no comparativo com o ano de 2022. Um patamar considerável, posto que havia, e como há, muitas dúvidas sobre a capacidade que o governo Lula tem em garantir o equilíbrio macroeconômico, fundamental para que os investidores do setor privado, os que efetivamente geram riquezas, operarem em plena carga.

Na visão técnica do desempenho econômico deste ano é preciso avaliar a qualidade do crescimento e separar o que é causa do que é consequência.

O primeiro trimestre deste ano, que teve, por exemplo, o setor primário (agropecuária) como mola propulsora, cresceu nada mais nada menos do que 21,6% sobre o trimestre anterior, não tem nada a ver com o governo Lula. Uma supersafra como a realizada no período é consequência de investimentos anteriores. Por sinal, pode-se afirmar que o crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre deste ano foi fruto do ambiente de negócios benigno do ano passado. O modelo econômico pensado para o país até 2022, pró-mercado, com redução de carga tributária, controle efetivo da inflação, com perspectivas claras de diminuição do tamanho do Estado, trazia otimismo aos agentes econômicos.

Dentro ainda da análise técnica, o país fechou 2022 com uma taxa de investimento de 18,8%, com crescimento de 0,9% sobre o ano anterior, e é de conhecimento de todos, que um modelo econômico se sustenta com a formação bruta de capital fixo em crescimento. Por sinal, é imperativo que estes investimentos ultrapassam os 25% do PIB para sustentar o crescimento de longo prazo.

No recorte “comemorado” pelo governo do terceiro trimestre deste ano, muitos afirmaram “que crescimento surpreendente”, ou seja, comemoraram o fato de não ter o nível de atividade recuando, e soltaram rojões para o pífio crescimento de 0,1%. O que é crescer 0,1%? Nada.

Continuemos na análise técnica. A taxa de investimento no período foi de 16,6% do PIB, com queda de 2,5% sobre o trimestre anterior. Queda de 2,2 pontos percentuais sobre o ano passado. E isso preocupa, pois quando não há investimentos em um período, há encolhimento da economia no período seguinte. O contrário também verdadeiro: observem que o bom nível de investimentos de 2022 trouxe frutos no primeiro trimestre deste ano.

No tocante ao equilíbrio macroeconômico, é fundamental elogiar a atuação do Banco Central brasileiro. A autoridade monetária brasileira sabe que a formação dos preços no Brasil não pode ser comparada com a de outros países, como por exemplo, os Estados Unidos.

Aqui a dose de juros, por exemplo, tem que ser maior do que lá, à medida que há enorme concentração de setores importantes da economia, os chamados monopólios e principalmente os oligopólios. Pacientes com doenças leves são tratados de maneira diferente em relação a pacientes com doenças graves, e infelizmente, o paciente chamado Brasil tem problemas graves e crônicos.

Aqui a dose dos juros tem que ser maior. E tem trazidos resultados, pois somente agora as principais economias projetam políticas monetárias mais brandas, enquanto o Brasil já vem reduzindo a taxa de juros há tempos.

E por fim ficam o alerta: crescimento econômico baseado em consumo, com um governo gastador, sem rigor fiscal, tem prazo de validade, Dilma Rousseff que o diga, afinal, foi exatamente em seu governo, portanto do PT, que a ex-presidente conseguiu emplacar um desempenho econômico como se tivesse pandemia, sem tê-la: dois anos de recessão por não seguir regras simples da ciência econômica.

Sendo assim podemos afirmar: apesar do governo Federal, a economia mostra resiliência. Resta saber até quando.

Se é condenável preconizar o caos econômico, também é condenável a euforia quando esta não tem base técnica.

🌐 www.reinaldocafeo.com.br

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