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Petrobras tem 24 presidentes diferentes em 37 anos

Desde a redemocratização do Brasil, portanto, desde a posse de José Sarney em 1985, a Petrobras trocou de comando vinte quatro vezes.

Sarney foi Presidente da República por cinco anos (1985-1990) e contou com cinco presidentes da companhia neste período.  Collor em dois anos (1990-1992), cinco presidentes. Itamar dois anos (1992-1994) um presidente da Petrobras. Fernando Henrique Cardoso sete anos (1995-2002) de poder, com quatro presidentes. Lula governou o país por oito anos (2003-2010) e teve dois presidentes no comando da petrolífera. Dilma em cinco anos (2011-2016), trocou três vezes. Michel Temer em dois anos (2016-2018) como presidente, contou com dois presidentes na estatal. E, finalmente, o Bolsonaro em três anos (2019 até agora) trocou o comando da Petrobras quatro vezes.

Por este quadro fica evidente que a troca no comando da Petrobras não traz diferenças expressivas no dia a dia do cidadão, aquele que paga a conta pelo preço dos combustíveis.

Há na prática um enorme problema no tocante ao arranjo jurídico da companhia. Ao abrir seu capital para o setor privado, trazendo inclusive os chamados minoritários, como são os casos dos trabalhadores que puderam destinar parte do FGTS para compra de fundos de privatização da empresa, não é mais possível aceitar a interferência do presidente de plantão na gestão interna da empresa, principalmente na formação do preço dos combustíveis.

O atual modelo de precificação, o PPI (Paridade de Preços Internacional), foi implantado no governo de Temer. Isso foi necessário devido a roubalheira do governo PT, que deixou um passivo financeiro sem precedentes. Inclusive tendo que indenizar investidores estrangeiros pela falta de cumprimento rigoroso de boa governança. Também o rombo cresceu devido a manipulação de preços, notadamente no governo de Dilma Rousseff. Represou os preços artificialmente e o rombo veio.

Da gestão de Temer até agora a Petrobras se recuperou, voltou a ter o valor de mercado na dimensão do que representa. O PPI passou a ser questionado devido à alta no preço do petróleo, quer pelos efeitos da pandemia e mais recentemente pela redução da oferta do produto devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Só para ilustrar, entre 2019 e 2022 os preços do barril de petróleo tipo Brent, referência adotada pelo Brasil, variaram entre US$ 70 e US$ 130. Se não tivesse o conflito e a consequente alta nos preços, provavelmente a discussão do preço do combustível estaria em plano secundário.

Como é ano de eleições no Brasil e a inflação se instalou (aqui e no resto do mundo), e precisando dar respostas ao eleitor, o presidente Bolsonaro faz claro movimento na busca de um novo modelo de formação do preço de venda dos combustíveis. Desta vez não se limitou a trocar o comando da Petrobras, optou por trocar também o Ministro de Minas e Energia. Ao trazer o Adolfo Sachsida, e retirar do cargo Ferreira Coelho, depois de somente um mês no comando da Petrobras, o indicativo é que teremos novidades pela frente.

Espera-se que eventuais mudanças, se vierem, obedeçam às melhores práticas de governança e, dentro da ética, cumprindo as normas preconizadas pela Comissão de Valores Mobiliários, e simplesmente para atender interesses políticos.

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