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Petrobras: não adianta trocar a presidência

Novamente o tema Petrobras e sua política de preços voltaram ao noticiário. Sob pressão o presidente da empresa, Joaquim Luna e Silva, não resistiu e deixará o cargo em breve. A fritura foi idêntica ao presidente anterior, Roberto Castelo Branco.

A meu ver, a Petrobras tem um problema sério em sua essência e razão de existir: não é nem do governo e tampouco do mercado.

Fundada em 1953, pelo presidente Getúlio Vargas a sua criação está ligada ao processo de desenvolvimento da industrialização brasileira, e sua história é marcada por vultuosos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Essa característica culminou no incremento tecnológico e humano, assim como permitiu à Petrobras o pioneirismo da exploração de petróleo em águas profundas. Já nasceu como economia mista, contudo, sempre serviu aos governos.

O refino é a área da indústria petrolífera que transforma o petróleo bruto em seus derivados, como gasolina, diesel, querosene, lubrificantes, nafta e outros. No Brasil, ela é virtualmente monopolizada pela Petrobras: o país tem hoje 17 refinarias, das quais 13 são da estatal e respondem por 98% da produção. Essa produção doméstica, por sua vez, entrega por volta de 80% de tudo o que é consumido internamente. Os 20% restantes vêm de importadoras privadas que complementam o mercado.

E é aqui o grande problema: não a Petrobras não tem concorrentes e o que é pior, sendo comandada pelo governo federal, inibe que empresas privadas ingressem neste mercado, diferentemente do que ocorre em outros países capitalistas, como os Estados Unidos.

Por ser de economia mista e com ações listadas em bolsa de valores, tanto no Brasil como no exterior, não pode sofrer interferência direta em sua gestão pela área política do governo, tendo ainda que cumprir tudo que foi estabelecido em termos de compliance.

No imaginário de parte da população, o governo deveria manipular os preços praticados pela companhia, ao ponto de subsidiar seus custos. Outra parte sabe que ela tem obrigações legais de ser transparente praticar preços de mercado. Está instalado o conflito.

Levando em conta que no governo Bolsonaro a companhia terá seu terceiro presidente, fica evidente que o atual presidente da República também faz parte daqueles que entendem que empresa deveria manipular preços, o que, cá entre nós, vai no sentido do contrário de um governo que se diz “liberal”.

O novo presidente da Petrobras irá mudar a política de preços ou será mais uma vítima do governo Federal? Talvez traga novidades no tocante a prática de preços, mas se for leviano e se deixar influenciar pela política, fará com a empresa perca valor de mercado. Vale lembrar que os 14 anos de PT (Partido dos Trabalhadores) no comando do país, e em especial na Petrobras, deixaram a empresa com dívidas estratosféricas, cuja recuperação financeira e econômica está em curso.

Cá entre nós: não seria mais fácil transformar a Petrobras em empresa 100% privada, estabelecendo regras claras para que outras empresas possam operar no segmento? Neste modelo os riscos de mau uso da estatal, seria eliminado.

Definitivamente trocar a presidência não adiantará muita coisa.

? www.reinaldocafeo.com.br

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