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O Real precisa voltar a se valorizar

Nesta fase, a qual podemos denominar de “pós-pandemia”, o mundo todo convive com pressão inflacionária. O descompasso entre oferta e procura, tem gerado elevação de preços, instalando o que chamamos de inflação de custos. Somado ao aumento no custo dos insumos, vem a reabertura econômica, com reposicionamento de preços, principalmente dos serviços, resultando em inflação na “veia”.

Quando fazemos esta avaliação vem o questionamento: tudo bem a inflação atinge as principais economias mundiais, isso é verdade, mas por que aqui no Brasil a inflação é maior do que estes países? Parte da resposta vem do fato de muitos preços da economia brasileira ainda sofrerem a chamada indexação, e em boa este indexador é o dólar. Isso acontece com os preços das commodities tanto metálicas como alimentícias, só para citar dois grupos de produtos.

E é exatamente neste ponto que quero dar ênfase. O que ocorreu com a economia brasileira para que o dólar saísse no final de 2018 de R$ 3,87 para operar acima dos R$ 5,50 agora? Busquemos algumas respostas. Uma delas é o fato de a economia americana ser pujante e operar em quase pleno emprego. O dólar se valorizou no mundo todo. A perspectiva de alta nos juros nos Estados Unidos também mexe com os mercados mundiais. Outra resposta está aqui no Brasil.

Em macroeconomia há vários instrumentos para manter a economia em equilíbrio, permitindo cumprir metas como estabilidade de preços, crescimento econômico, distribuição justa de renda e geração de emprego. Dois instrumentos são os mais impactantes: a política fiscal e a política monetária.

A questão fiscal é um dos grandes provocadores da alta do dólar frente ao real. Os agentes econômicos, ao duvidarem da seriedade no cumprimento do orçamento público, do compromisso com o teto de gastos, enfim, de perceberem que os homens públicos não estabelecem limites no gasto do dinheiro público, precificam isso, buscando proteção, e um porto seguro é o dólar. Já a política monetária, neste caso, a política de juros para financiar a dívida pública, quando é frouxa e não atende a relação risco/retorno, também contribui para aumentar as incertezas, e o dólar é abrigo natural.

Além das explicações econômicas, também tem o fator político. O comportamento beligerante, ou seja, de enfrentamento do presidente Bolsonaro, em nada contribui para que as coisas sigam seu curso natural. De canelada em canelada, o real perde força, e a cotação do dólar sobe.

Em resumo: mais do que atribuir a alta da inflação a fatores externos e tentar rotular que tudo isso é incontrolável, o governo Federal precisa centrar esforços na austeridade fiscal, e ainda balizar os juros dentro da realidade atual (como vem fazendo) de inflação de dois dígitos, deixando a discussão política, e em especial o tema eleições para depois, provavelmente a cotação do dólar caia, e com ela, a redução da pressão dos preços no atacado, que por consequência reduz a carestia ao consumidor final.

Penso ser o caminho menos custoso. Não estamos falando de inflação zero, mas sim, de inflação com menor força do que a verifica atualmente no Brasil, como ocorre em países com menos tensionamento político e que adotam o rigor fiscal e juros alinhados com cada realidade econômica.

O Real precisa voltar a se valorizar.

? www.reinaldocafeo.com.br

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