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O que esperar da “super quarta”

Quem acompanha o mercado financeiro já deve ter ouvido falar que teremos a “super quarta”. Esta expressão é uma alusão ao fato de que coincidirão, novamente, as reuniões para tomada de decisão sofre o futuro dos juros tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Será no dia 21 de setembro.

Por aqui a decisão será tomada pelo COPOM – Comitê de Política Monetária, e nos Estados Unidos pelo Fomc (Federal Open Market Committee, em português: Comitê Federal de Mercado Aberto).

Por que essas reuniões têm tanta importância? É porque o fenômeno inflacionário está instalado nas principais economias do mundo, e um dos remédios para controlar os preços dos bens e serviços é o uso da política monetária, um dos instrumentos de política macroeconômica. Neste caso a discussão é sobre o tamanho da taxa de juros que cada país adotará para conter a escalada dos preços.

Aqui no Brasil os últimos dados de inflação, tanto a oficial medida pelo IBGE, no caso do IPCA, como da FGV, com a série dos IGPs, como pela FIPE, o IPC, apontam para recuo médio dos preços, ou seja, deflação. A inflação oficial em 12 meses recuou da casa dos dois dígitos, para 8,73%, com viés de baixa. Por este prisma não seria necessária nova elevação dos juros que atualmente estão em 13,75% ao ano. Vale lembrar que durante a pandemia a taxa básica de juros chegou no menor patamar da história, 2% ao ano, e o Banco Central brasileiro agiu na direção de conter a inflação, elevando gradativamente a taxa de juros. É importante destacar que também contribuiu para queda dos preços a política tributária, neste caso, a redução dos tributos incidentes principalmente sobre os combustíveis e energia.

Mesmo com deflação o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não descartou um aumento residual nos juros, o que poderia ser 0,25 ponto percentual. O mercado está dividido, mas é factível que os juros não subam agora, ficando este “resíduo”, se necessário, mais ali na frente.

Já nos Estados Unidos a situação está mais complicada. Os últimos dados de inflação surpreenderam negativamente os operadores do mercado. A inflação americana acumula 8,3% em 12 meses e a meta é de 2% ao ano. A especulação até então é que os juros subiriam entre 0,5 ponto e 0,75, mas como inflação não cede, agora fala-se em 1 ponto percentual de alta.

Dependendo da magnitude da alta de juros aqui no Brasil e nos Estados Unidos, e seu diferencial, haverá reflexo no mercado cambial, com os agentes econômicos se movimentando para tirarem proveito de ganhos com baixo risco. Pode ocorrer volatilidade do câmbio aqui no Brasil.

Além dos aspectos técnicos, não podemos deixar de considerar que as eleições estão se aproximando, e quando os juros forem divulgados na “super quarta” estaremos a 11 dias das eleições. Isso é motivo para retração dos investidores, começando um movimento de proteção, evitando exposição a risco durante o pleito eleitoral.

Serão dias tensos, e como colocado, de volatilidade. É o momento de praticar a capacidade de abstração para esperar as coisas se acomodarem. Muita tensão no ar.

? www.reinaldocafeo.com.br

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