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Efeitos da pandemia e da guerra: juros como remédio

Se não bastassem os desequilíbrios na economia provocados pelos efeitos da pandemia, que geraram pressão nos preços, portanto, inflação, agora há os efeitos do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Petróleo, gás, fertilizantes, minérios importantes para a indústria, são alguns exemplos de preços em alta. Também as commodities alimentícias estão com preços em elevação.

O mundo todo sofre com a carestia e os instrumentos de política monetária terão que ser utilizados a exaustão.

No curto prazo, a política monetária é a que mais oferece respostas ao controle inflacionário. Em particular, a taxa de juros, é capaz de mexer com o comportamento dos agentes econômicos.

De um lado atrai capital estrangeiro para o país. Títulos do governo, e até mesmo títulos privados na modalidade renda fixa, são os principais destinos dos recursos dos investidores e especuladores estrangeiros. Este movimento de entrada de moeda estrangeira derruba a cotação do dólar, segurando em parte a pressão dos custos dos insumos que de alguma maneira são indexados na moeda norte-americana.

Além do efeito na cotação do dólar, juros mais elevados estimulam a poupança doméstica. Os agentes superavitários adiam o consumo em busca de maior retorno de seus investimentos. Os agentes deficitários também fazem um movimento de pé no freio, evitando contrair crédito a um custo elevado.

Este movimento conjunto força a criação de estoques, que para serem desovados, em algum momento terão seus preços reduzidos, ou na pior das hipóteses não serão reajustados. Assim, a taxa básica da economia brasileira poderá atingir patamar acima de 13% ao ano.

Não obstante esta lógica, além de ter com contar com a reação dos agentes econômicos, e que em parte é imprevisível, à medida que se trata de comportamento humano, o ciclo do impacto da alta de juros é lento, portanto, não é instantânea, mesmo sendo um instrumento de curto prazo.

Também há de se considerar os efeitos dos juros altos no desempenho da economia. Se a lógica é inibir a desova dos estoques as vendas serão menores, os ofertantes se sentirão desestimulados, e a roda da economia ou para de girar ou passa a girar lentamente.

É um cobertor curto: se não controla a inflação o grosso da população perde poder aquisitivo, impactando, inclusive em seus gastos com alimentação, por outro lado, se a dose dos juros é elevada, o baixo desempenho da economia não reduz o desemprego, mantendo a renda média achatada, portanto, menor qualidade de vida das pessoas. Isso sem falar no maior custo para rolar a dívida pública.

Sem dúvida algum estamos em um momento desafiador, e neste momento potencializado por governantes. O duro é constatar que, se não se importam com vidas humanas, o que dirá no tocante a circulação de mercadorias.

Triste momento da história da humanidade, em que, os efeitos da pandemia se misturam com o efeito da guerra, nos deixando atônitos e sem perspectivas de dias melhores.

O ser humano quando perde sua essência prejudica inocentes. Só nos resta lamentar.

? www.reinaldocafeo.com.br

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