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Economia brasileira: para alguns melhorando, para outros, “despiorando”

“A pior cegueira é a dos que não sabem que estão cegos” (Clarice Lispector).

Esta frase sintetiza o momento que o Brasil passa com todo tensionamento político, e a polarização que se instalou no pleito eleitoral deste ano.

No campo econômico não é diferente. Muitos opositores ao governo Bolsonaro, por terem dificuldade em admitir que os indicadores econômicos estão melhorando, preferem ver o lado vazio do copo, torcer para o “quanto pior melhor”, e em vez de admitirem que as coisas estão melhorando, preferem dizer que estão “despiorando”.

Também são incapazes de admitir que boa parte dos problemas econômicos e sociais que o Brasil enfrentou e enfrenta tem relação direta com os efeitos da pandemia, o tal de “fica em casa que a economia a gente vê depois”. Tudo agravado pelo longo conflito entre Rússia e Ucrânia. Só falta dizerem que o governo brasileiro é culpado pela inflação nos Estados Unidos, pela possível recessão mundial, e por aí afora.

O posicionamento é claro: não gosto do presidente Bolsonaro, com seu estilo de governar, com sua pauta de costumes, portanto, tudo que vier dele, deve ser repudiado, até mesmo indicadores de desempenho.

Que fique claro que não tenho procuração para defender governo algum, faço aqui ponderações técnicas.

Vamos aos fatos. As contas públicas, com todo o alarde do mercado apontando para uma eventual aventura fiscal, apresentaram superávit primário (receita menos despesas sem computar os juros da dívida pública) no primeiro semestre deste ano em R$ 53,614 bilhões. Se ocorrer que este ano as contas fechem no azul, será a primeira vez em nove anos.

As empresas controladas pela União triplicaram seus resultados, fechando o último ano em R$ 188 bilhões. O mercado de trabalho segue em recuperação: geração líquida de emprego formal, com carteira assinada, no primeiro semestre foi de 1.334.791 de vagas. A Pnad Contínua do trimestre fechado em junho trouxe taxa de desocupação de 9,3%, com redução de 1,9 milhão de trabalhadores em busca de uma colocação, menor patamar desde 2013.

A inflação começa a ceder. O último dado, prévia da inflação oficial, o IPCA-15 desacelerou a 0,13% em julho.

O FMI refez as contas e projeta crescimento econômico de 1,7% para este ano, diante de projeção anterior de 0,8%. O mercado, através do Boletim Focus, projeta crescimento de 1,97% em 2022. Enquanto o mundo discute o tamanho da recessão global, os números por aqui são revistos para cima.

Isso só para citar alguns indicadores. Qual o problema em admitir que as coisas começam a melhorar? Será que a cegueira, a sede de poder, faz com que tudo que possa ser positivo para o país, por ser do atual governo, tem que ser criticado ou minimizado seu impacto?

Se tudo isso fosse somente uma prática dos partidos de oposição ao atual governo, afinal querem o poder, seria, diríamos, até aceitável, mas quando parte da imprensa e de técnicos da área econômica passam a ter dificuldade em analisar a notícia sobre todos os ângulos, aí vira ativismo político.

Quem enxerga o lado cheio do copo afirma que a economia está melhorando, quem enxerga o lado vazio do copo, diz que ela está despiorando. E você?

? www.reinaldocafeo.com.br

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