ÚLTIMOS ARTIGOS

É preciso evitar o desarranjo no câmbio

O economista Reinaldo Cafeo escreve hoje sobre atitude e sua importância para que renovações aconteçam. Confira no blog de Reinaldo Cafeo Soluções em Gestão.

A política cambial brasileira, através do Banco Central, tem como premissa praticar o chamado câmbio flexível, ou seja, a Autoridade Monetária não fixa o valor da moeda estrangeira, deixando que o mercado, através da oferta e procura por divisas, encontre o valor de equilíbrio. Por este princípio se houver muitos demandantes por moeda estrangeira sem que haja ampliação da oferta, o preço da moeda estrangeira sobe. O contrário também é verdadeiro.

Apesar de o Brasil praticar o câmbio flexível, o Banco Central pode e deve intervir no mercado quando houver um “desarranjo” neste mercado. Esse mecanismo é conhecido como “flutuação suja” (dirty float). O que seria esse desarranjo? Fortes oscilações para cima ou para baixo.

Se a cotação do dólar, por exemplo, subir muito em determinado período, pode puxar as exportações brasileiras para cima, mas pode também contaminar preços de produtos indexados em dólar ou que usam o dólar como referência e gerar inflação, portanto, o Banco Central intervém ofertando divisas (tanto no mercado a vista, como no mercado a temo ou até mesmo emitindo títulos cambiais), forçando a queda da cotação. Isso vale também no sentido contrário, quando uma queda muita intensa poderia prejudicar as exportações brasileiras.

No governo Lula, portanto há quase 16 meses, o Banco Central não havia atuado no mercado cambial e o fez recentemente. A cotação do dólar que oscilava abaixo dos R$ 5,00 passou a operar acima deste valor, “forçando” o Banco Central a realizar swap cambial, ou seja, emitir títulos públicos tendo como indexador o dólar, fazendo trocas com títulos públicos que remuneram a taxa Selic. Com isso a Autoridade Monetária evitou que a cotação da moeda norte-americana subisse mais.

Este movimento “comprador” do mercado tem relação direta com o desempenho econômico americano. Os recentes dados econômicos apontam para uma economia aquecida por lá, o que pode manter a inflação elevada, forçando o Banco Central americano a manter a taxa de juros ainda elevada. Como aqui no Brasil a taxa de juros está em queda, o investidor é estimulado a migrar seus recursos para a principal economia mundo, a americana, demandando dólares internamente. Ganharia mais com maior segurança.

Também há uma certa aversão a risco no mercado acionário brasileiro, notadamente dos investidores estrangeiros, preocupados entre outras questões com as possíveis interferências do Governo Federal na Petrobrás e na própria Vale. Em resumo: há mais demanda por dólar do que oferta, e a cotação sobe.

O Banco Central brasileiro tem papel fundamental para manter o equilíbrio no mercado cambial. O que está em jogo é não permitir que a inflação volte a subir (conforme colocado, via indexação de vários produtos ao dólar) e com ela o retardamento da queda da taxa de juros, o que poderia comprometer o crescimento econômico.

Por todo este cenário que é necessário que a Autoridade Monetária evite que ocorra desarranjo no câmbio. Intervir no mercado cambial é um dos instrumentos disponíveis para evitar controlar a cotação da moeda-estrangeira.

🌐 www.reinaldocafeo.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress