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Crescimento econômico do passado, não garante o crescimento econômico do futuro

O economista Reinaldo Cafeo explica a importância de observar o movimento da economia americana, principalmente, a taxa de juros.

O crescimento econômico brasileiro dos quatro trimestres até junho deste ano, ou seja, de julho a setembro e de outubro a dezembro de 2022, e ainda de janeiro a março e de abril a junho de 2023, comparados com idênticos períodos anteriores, foi de 3,2%.

Poderia ser considerado um crescimento “robusto” se não fossem emitidos alguns sinais de alerta no tocante ao desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) daqui para frente.

Um dos alertas é para o baixo crescimento dos investimentos produtivos, também conhecido como Formação Bruta de Capital de Fixo. Não obstante o crescimento desta rubrica ter sido de 1,7% no período acima citado, o nível mais recente, do segundo trimestre deste ano, é de 17,2% sobre o PIB, inferior aos 18,3% de idêntico período do ano passado, ou seja, está em queda. Vale destacar que países que sustentam o crescimento ao longo do tempo investem no mínimo 25% do PIB e a China tem investido ao longo dos anos 35% do PIB. A taxa de poupança brasileira está em queda, saindo de 18,4% em 2022 para 16,9% este ano. Sinais de alerta.

Outro sinal de alerta é o crescimento do Consumo das Famílias. Responsável por quase 70% do desempenho do PIB, essa rubrica cresceu 3,9% no período em análise, o que não sustenta o crescimento do país à medida que a inadimplência está em alta, o desemprego ainda preocupa, a geração formal de emprego está menor do que o ano passado e alguns setores, como o automotivo receberam incentivos fiscais. A transferência de renda via Bolsa Família justifica em parte esse crescimento, e o que demonstra que o modelo é frágil. Por sinal, no governo Dilma Rousseff isso não deu certo e tem-se a impressão de que o atual governo insiste em repetir o modelo.

Também deve ser destacado que no período, os Gasto do Governo cresceram 1,4% o que é não bom e ainda o PIB teve bom desempenho puxado pela boa safra agrícola, com o setor primário crescendo 11,2%, um ponto fora da curva.

Além dos aspectos elencados outro sinal de alerta, e não menos importante, é o possível descontrole das contas públicas. Se não houver aumento de arrecadação tributária, as contas do governo do ano que vem não fecharão, e o volume que falta não é pouca coisa: R$ 164 bilhões. Parte deste valor virá das tributações dos jogos online, dos fundos privados, offshore, entre outros, e ainda no rigor maior nas decisões do CARF, mas é certo que esse volume ainda não está garantido.

Se o governo não cumprir a meta fiscal, gerará descrédito, que exigirá mais juros, que engessará a economia, com crescimento menor da economia, com geração de menos tributos, que poderá levar ao desemprego. Tudo que não precisamos.

Pessimismo? Não, realismo. Não há dúvidas que este ano de alguma maneira o PIB crescerá e será entre 2,5% e 3,0%, os sinais de alerta vão na direção da sustentação do crescimento, aí as variáveis aqui mencionadas poderão colocar em risco o desempenho econômico dos próximos anos do governo Lula.

Para que servem os sinais de alerta? Para tentar corrigir o andamento das coisas. Como dizem em administração: “o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro” e eu acrescentaria “sem sustentação de longo prazo, o crescimento econômico do passado não garante o crescimento econômico do futuro”

🌐 www.reinaldocafeo.com.br

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