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Crescimento da economia dependerá dos investimentos

Uma das formas de projetar o possível desempenho da economia é analisar as variáveis que compõem a equação do Produto Interno Bruto (Y) pelo lado da demanda.

As variáveis são: Consumo das Famílias (C); os Investimentos (I), os Gastos do Governo (G), as Exportações (X) e as Importações (M). Assim Y = C + I + G + X – M. Por este prisma, levando em conta o nível de inflação, a necessidade de elevar a taxa de juros para contê-la, somada ao necessário controle dos gastos públicos, e que o resultado entre exportações e importações de produtos não é suficiente para garantir crescimento econômico mais robusto, as apostas para um desempenho melhor se concentram na variável investimento.

Aqui vale separar duas óticas. A primeira é a visão de curto prazo. Dificilmente em ano de eleição, de tensão política, de inflação e juros em alta, os aportes financeiros para o setor produtivo da economia virão. Assim, os investimentos que giram atualmente em torno dos 15% e 16% do PIB, não seriam o divisor entre o pessimismo, com possível crescimento econômico para 2022 entre 0% e 1%, e o otimismo, crescimento em torno de 2,0% a 2,5%.

A segunda visão é o longo prazo. Para alicerçar esta análise tomemos como exemplo o recente leilão do 5G. O apetite dos investidores foi alto e a aposta na economia brasileira foi contundente. Quem tem dúvidas sobre o futuro político brasileiro e em especial sobre a normalidade do ambiente de negócios, não aloca bilhões de Reais, que atingirão a cifra de trilhão de Reais nos próximos. Para confirmar isso, as recentes concessões de aeroportos vão na mesma linha.

Talvez aqui resida, o que poderíamos chamar de otimismo do ministro da economia, Paulo Guedes. É fato que o comandante da economia não pode externar que se sente pessimista, mas também é preciso abstrair seu otimismo. Usando então esta capacidade de abstração, de fato, se os investimentos produtivos atingirem ao menos 20% do PIB (países semelhantes ao Brasil investem 25%) é possível, eu disse, é possível, imaginar um desempenho econômico, já em 2022, melhor do que o mercado projeta.

Sem dúvida as políticas fiscais e monetárias ajudarão a criar um ambiente econômico mais previsível. Também é certo que se inflação der uma trégua, a taxa de juros não precisa ser elevada, abrindo espaço para que os investimentos produtivos sejam alocados na economia brasileira.

Analisando o comportamento dos investidores, tenho a impressão de que o potencial econômico brasileiro fala mais alto do que a visão de curto prazo. Investidores com “I” maiúsculo tomam suas decisões ótimas com base em um filme e não em um retrato.

Sempre que posso uso a expressão “otimismo realista”. De um lado, acreditar que este potencial econômico é real e os investimentos virão, de outro lado, seguir com os pés no chão para que a relação risco/retorno seja a mais segura possível.

Em 2022 o diferencial para a economia brasileira será o nível de investimentos produtivos. O tempo dirá qual será a dimensão das apostas os investidores.

? www.reinaldocafeo.com.br

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