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Cotação do dólar: de olho nos juros americanos

O economista Reinaldo Cafeo explica a importância de observar o movimento da economia americana, principalmente, a taxa de juros.

Dados recentes do mercado de trabalho norte-americano apontam que a economia por lá está aquecida. O relatório Jolts, que aponta o número de vagas geradas em determinado período, apontou que o número atingiu 9,6 milhões de vagas em agosto, quando a projeção do mercado era de 8,9 milhões, portanto, cerca de 700 mil vagas a mais. Outros indicadores, tais como a sondagem dos gerentes de compra e o seguro-desemprego, confirmam que a economia por lá não enfraqueceu.

Diante deste cenário a pressão sobre a inflação continuará. Uma das formas de combater a escalada de preços é elevar a taxa de juros. Atualmente o Banco Central americano pratica taxa básica no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, e aumentam as apostas de que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, a taxa será elevada em 0,25 ponto percentual.

Essa possibilidade tem valorizado o dólar no mundo todo, e no caso brasileiro tem um ingrediente adicional que pressiona ainda a sua cotação: a queda nos juros básicos.

Juros americanos em alta, combinados com juros por aqui em baixa, são gatilhos mais que suficientes para que ocorra um movimento de saída de divisas. O diferencial de juros fica favorável a aplicar em renda fixa nos Estados Unidos.

O movimento da saída do capital estrangeiro da Bolsa de Valores é realidade e confirma isso. O mês de setembro, por exemplo, foi o segundo mês de saldo líquido negativo: R$ 1,6 bilhão que se somam aos R$ 13,2 bilhões de agosto.  

Maior demanda do que oferta por dólar, eleva a cotação, com o real perdendo força. Soma-se a isso a leitura de que o governo Federal brasileiro tem sinalizado com dificuldade em reduzir o déficit fiscal, se instalou a “tempestade perfeita”, gerando incertezas no mercado, levando a proteção dos ativos em moeda estável, como o dólar.

Vale destacar que o Brasil adotada o regime de câmbio flexível, portanto, a cotação da moeda estrangeira é definida pela oferta e demanda por divisas, tendo a possibilidade de o Banco Central intervir caso haja algum desarranjo. Em uma situação normal pode se instalar uma nova cotação piso, superior à que foi praticada nas últimas semanas.

Se de um lado a desvalorização do real estimula as exportações, por outro, traz a inflação importada, pressionando o Banco Central brasileiro a eventualmente rever a estratégia no tocante a um eventual afrouxamento na política monetária.

Em resumo: é bom ficar de olho na economia americana, principalmente na taxa básica de juros, e analisar o comportamento dos agentes econômicos no tocante ao aumento na demanda pela divisa norte-americana, de tal sorte que seus efeitos não contaminem os preços internos e comprometa a saldável tendência de queda dos juros por aqui.

🌐 www.reinaldocafeo.com.br

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