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Os sofismas e ataques ao mensageiro

O economista Reinaldo Cafeo explica a importância de observar o movimento da economia americana, principalmente, a taxa de juros.

Não é de hoje que parte da sociedade, principalmente por questões ideológicas, em vez de argumentar sobre o conteúdo da mensagem, opta por atacar o mensageiro. São os chamados lacradores.

É uma prática que visa desqualificar quem se utilizou de argumentos, que são bons, mas que quem não concordar com os mesmos, rotula ou taxa o emissor da mensagem disso ou daquilo, sempre no sentido pejorativo. E se isso não bastasse utiliza de fatos fora do contexto para que seus argumentos sejam verdadeiros.

Vamos aos fatos. No campo econômico o Brasil, se não cresceu percentualmente acima do crescimento chinês, ficou muito próximo disso. Isso é verdadeiro. Os lacradores dirão: “mas crescer não é tudo”. O Brasil obteve superávit primário o ano passado, ou seja, as receitas do governo central cobriram seus gastos com sobras, evitando, por exemplo, o crescimento da dívida pública, que por sinal, teve um dos menores patamares quando comparada ao PIB.

Novamente vem a turma do contra: “mas o governo gastou bilhões em juros”. Outro exemplo: a taxa de desocupação se aproximou dos 8% em 2022, e lá vem eles novamente “mas o problema social se agravou no Brasil”. O contra-argumento para esta afirmação, que é verdadeira, é simples: alguém ficou sabendo de uma tal de pandemia? Alguém considerou que o Brasil e o resto do mundo não operaram com seu potencial econômico máximo, que houve recessão mundial?

E que tem uma tal de guerra entre Rússia e Ucrânia que completou um ano sem solução e abalou e vem abalando vários segmentos de mercado mundo afora? Alguém ficou sabendo disso? Isso para não mencionar o controle inflacionário e o fato de o Brasil ter tido um dos melhores desempenhos no campo econômico na comparação mundial.

Esses que têm dificuldade em admitir que em tudo há o lado bom e ruim, certamente irão ser seletivos em suas comparações: com quem eles simpatizam minimizarão algum fato negativo, e por quem não guardam nenhum apreço, potencializarão os problemas.

Vamos aos fatos recentes das enchentes no litoral paulista. É fato que o presidente Lula foi proativo, diferentemente do comportamento de Bolsonaro em fato semelhante no ano passado. Isso é bom. Se todos fossem do contra, seria dito agora “mas a primeira dama Janja continuou pulando carnaval como se nada estivesse acontecendo”. Observem que a seletividade de quem ataca em qual ocasião tira a credibilidade de quem faz a crítica pela crítica.

Trouxe esses exemplos somente para reafirmar: é mais fácil atacar o mensageiro, rotular de tecnocrata, insensível, que desconhece que a economia é uma ciência social, do que admitir que em tudo na vida, sempre há os dois lados. Nem tudo é bom, mas também nem tudo é ruim.

Quanto ao sofisma, não dá para competir com o presidente Lula, ele é o rei do sofisma, basta acompanhar seus discursos e o quanto ele distorce a realidade para impor seus argumentos.

Enfim, uma sociedade plural, que preza por um debate sadio e no campo das ideias, a tentativa de desqualificar o mensageiro não cola. Esses que foram forjados em suas profissões em cima do pensamento cartesiano, têm dificuldade em entender que os economistas sabem que a economia como ciência social preconiza a justiça social, mas para chegar lá é preciso criar condições de levar o país ao crescimento econômico sustentável, gerar empregos, estabilizar a moeda. Por sinal, essas são as principais metas macroeconômicas e devem ser permanente perseguidas.

Menos sofismas, menos cegueira ideológica, e mais respeito aos que tentam levar mensagens para reflexão da sociedade.   

? www.reinaldocafeo.com.br

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