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Economia: os opostos se atraem?

A equipe de transição de Lula, tendo como coordenador Geraldo Alckmin, indicou para compor a equipe econômica nesta fase, os economistas André Lara Resende, Pérsio Arida, Guilherme Mello e Nelson Barbosa.

A pergunta é: os opostos se atraem? Vamos analisar. Resende e Arida são conhecidos como os “pais” do Plano Real, que quando foi votado no Congresso Nacional no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1993, teve um sonoro “não” do PT à época. Inclusive Lula disse textualmente em julho de 1998, após 4 anos do Real, quando estava em campanha eleitoral, que o “o Plano Real é uma fantasia”.

André Lara Resende foi presidente do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, e se aproximou do PT antes das eleições deste ano, declarando seu voto a Lula. É defensor de mais ousadia na economia e é contra a política de juros para combater a inflação, portanto, divorciado da postura do Banco Central brasileiro, que é autônomo e independente e seu presidente, Roberto Campos Neto, tem mandato não coincidente com Lula, o indicativo é de possível atrito neste quesito.

Arida presidiu o BNDES e o Banco do Brasil também no governo de Fernando Henrique Cardoso, é próximo de Geraldo Alckmin, e sempre pregou Responsabilidade Fiscal por parte do governo e ainda é defensor das privatizações das estatais.

Para embolar ainda mais o meio de campo a equipe de transição tem o economista Guilherme Mello, que defende ferrenhamente o papel do governo como indutor da economia, sendo, inclusive, interlocutor do PT na campanha. E volta à cena Nelson Barbosa, que foi Ministro do Planejamento do governo Dilma Rousseff.

Observaram a “Torre de Babel” da transição da economia? Parece um “bate e assopra”, deixando mais dúvidas do que será feito do que encaminhamentos que possam de alguma maneira acalmar os agentes econômicos, em especial os investidores privados, que querem somente um ambiente de negócios com baixo risco para poderem empreender e gerar riquezas no país.

Considerando que a contradição do governo eleito já nasce em ter o Alckmin como vice-presidente, seguir nesta mesma linha agora, é a confirmação de que não havia plano algum, e que teremos muitas emoções até a posse de Lula.

E para completar a cena, eis que surge também o nome de Guido Mantega, isso mesmo, aquele que foi Ministro do Planejamento, Presidente do BNDES e Ministro da Fazenda, portanto teve um papel fundamental na economia brasileira durante o governo de Dilma Rousseff e que conseguiu um feito inédito: levar o país a dois anos seguidos de recessão econômica (2015 e 2016).

Pelos perfis aqui colocados dificilmente os opostos se atrairão. Está mais para divergência do que convergência. É o que temos.  

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