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A cegueira política

O debate político está cada vez mais pobre. Muitas pessoas, na tentativa de justificarem o injustificável, se valem de comparações com questões do passado, cuja indicativo é: “está ruim, mas foi pior”. Como assim?

A cegueira política é de tamanha grandeza, que essas pessoas são incapazes de olhar para frente. Querem porque querem justificar o péssimo com algo pior.

No recorte da economia, por exemplo, quem sobrevive, isso mesmo, sobrevive no setor privado, deseja o que? Previsibilidade, estabilidade, enfim, um horizonte futuro (atenção, escrevi futuro e não passado) de menos incertezas. É certo que empreender no país há um nível de risco agregado, mas o governo de plantão não precisa potencializar esse risco.

Alguns indicadores apontam para elevação do risco no mercado. A taxa de desemprego subiu. As famílias estão endividadas. A geração formal de emprego caiu. Alguns setores, como o automotivo, observam as vendas despencarem. O agronegócio vem sendo atacado diariamente.

Há uma tentativa de rever a privatização da Eletrobras, o que seria péssimo, pois não é possível aceitar que mudar as regras em pleno jogo, e reforço o que tenho colocado em vários artigos: atacar quase que diariamente a autonomia e independência do Banco Central (sem autonomia essa Autarquia ficou à mercê de interferências políticas, é só lembrar da lambança do governo Dilma, que levou a país a dois anos de recessão). A insegurança jurídica se instalou (lembrando da frase: até nosso passado é incerto) e o ambiente de negócios materializa isso com o adiamento dos investimentos produtivos.

O novo Arcabouço Fiscal, que poderia tranquilizar os agentes econômicos, traz muitas lacunas que nos remetem a entender que a conta não vai fechar. Sem priorizar o controle dos gastos, o governo Federal fica na expectativa de aumentar a arrecadação, e o que é pior, no texto original, sem que haja qualquer tipo de penalização se o governo não cumprir metas, e pior ainda, retirando o dispositivo atual de responsabilidade fiscal. Sabe o que isso significa? Que o endividamento público continuará subindo, mesmo porque os juros terão que ser mantidos elevados para compensar o risco em financiar o Estado via compra de títulos públicos, portanto, a projeção que o novo Arcabouço Fiscal traz de estabilizar a relação dívida pública bruta com o PIB em 75% não vai acontecer. 

É possível reverter esse quadro? Sim, se o Congresso Nacional melhorar o texto, como por exemplo, reduzir o número de exceções que está fora do limite de gastos, se introduzirem crime de responsabilidade caso as metas fiscais não forem cumpridas, se retirarem o crescimento real dos gastos de um ano para o outro, e se não piorem o texto, como introduzir mais exceções à regra de gastos, como deixar fora o Bolsa Família. Isso tudo se efetivamente o atual governo deixar de lado o populismo, e for rigoroso no controle do dinheiro do pagador de impostos.

Será que a cegueira dos simpatizantes da esquerda não permite olhar para frente? Continuarão tentando matar o mensageiro quando não concordam com a mensagem? Tentarão mostrar um passado pior para justificar o presente ruim?

Que país desejamos? Independentemente do que esteja no poder, queremos um país que garanta na ponta justiça social com melhoria na qualidade de vida da população.

Fica aqui um posicionamento: se aprofundem nos temas, e evitem a velha prática, como colocado acima, de ao não gostar da mensagem, tentar matar ou desqualificar o mensageiro. Em pleno século XXI, com o direito à liberdade de expressão (acho que ainda existe) esse tipo de posicionamento é no mínimo incoerente.

E por fim um pedido: não permitam que a cegueira política retire o senso crítico seja lá de quem esteja no poder!

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