Taxa básica de juros em alta

Como era esperado, o Banco Central promoveu a primeira alta na taxa básica de juros no Brasil, depois de 6 anos. A taxa Selic, como é conhecida, saltou de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Vale destacar que o mercado projetava alta máxima de 0,5 ponto percentual.

A ata do Comitê de Política Monetária indica que além da alta da reunião passada, na próxima reunião, em maio, poderá ocorrer nova elevação de 0,75 ponto percentual, elevando a taxa básica para 3,5% ao ano.

As incertezas tanto no campo fiscal, como na cotação do dólar e ainda pressão direta sobre preços, são os argumentos para elevar os juros no Brasil.

Na prática o Brasil até que tentou afrouxar a política monetária, mas a dinâmica da economia brasileira não dá trégua. A taxa básica em 2% ao ano com inflação acima de 5% ao ano, portanto operando com taxa de juros real negativa, gerou desequilíbrios em vários mercados entre eles o de bens e serviços além do mercando cambial. Em um mercado concentrado como é o brasileiro, tendo uma nova onda de casos e mortes por Covid-19, o afrouxamento da política monetária não traz efeitos positivos aos agentes econômicos.

A carestia na ponta é realidade. O cidadão comum, além de perder renda ainda vem perdendo poder aquisitivo. Os preços dos produtos básicos não param de subir e o que se observa é a precarização do consumo das famílias.

Evidentemente que juros mais altos inibe crescimento econômico mais acentuado, também torna mais caro o crédito, prejudicando os agentes deficitários, contudo, o mundo econômico é feito de escolhas. Há que se combater o pior para o grosso da população, e por este prisma segurar a escalada dos preços, ou seja, controlar a inflação passa a ser a prioridade.

Vale destacar que a inflação prejudica sempre mais fortemente os mais pobres. Sem condições de proteger seu poder aquisitivo, entregam cada vez mais recursos para consumir a mesma quantidade de produtos. O resultado é a substituição de bens normais por bens inferiores, passando longe dos bens supérfluos. Como colocado, o consumo é precarizado.

A constatação é que essa deve ser a dinâmica deste ano: juros mais altos, inflação pressionada operando acima da meta fixada de 3,75%, e a Autoridade Monetária agindo no sentido de garantir que o ano que vem a meta, que foi fixada em 3,5%, seja efetivamente cumprida, e para tanto, estabilizar os preços em 2021, passa ser a prioridade.

Como a Ciência Econômica lida com escassez e criou instrumentos de política macroeconômica para que os agentes econômicos façam suas escolhas, fica claro que a escolha da Autoridade Monetária já está em curso: taxa básica de juros seguirá em alta, mesmo que comprometa o crescimento econômico.

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