Não obstante toda repercussão política das manifestações do último dia 7 de setembro, dia em que milhões de brasileiros foram as ruas, a pergunta que não quer calar é: e agora?
O mundo real traz desafios distantes de todo este tensionamento político. Mesmo com a população indo as ruas e praticando a democracia em sua plenitude, os problemas econômicos e sociais existem e precisam ser atacados.
O Brasil, segundo o IBGE, tem 32,2 milhões de brasileiros subutilizados. Destes, 14,4 milhões estão desempregados (com crescimento de 1,6 milhão em um ano, devido a pandemia). Os jovens são os mais afetados, com desemprego atingindo 29,5% entre os que têm entre 18 e 24 anos. São 5,6 milhões de desalentados, ou seja, aqueles que jogaram a toalha e não procuram mais uma colocação no mercado de trabalho. Dos 87,8 milhões de pessoas ocupadas no Brasil, 24,8 milhões trabalham por conta própria, o que representando 28,3% deste total.
Este retrato da precariedade do mercado de trabalho, que também impôs perda real na renda média do trabalhador (que ainda perdeu poder de compra devido a alta da inflação), é uma faceta do quanto o País precisa avançar no campo econômico. isso tudo sem falar do crescimento do número de miseráveis.
Aqui está a resposta à pergunta: e agora? Agora é hora de o setor público, o Executivo Federal, reduzir as incertezas. Não há investimento em ambiente de elevado risco. Os agentes econômicos se retraem. Tanto o investidor brasileiro como o investidor estrangeiro adiam suas decisões e aportam seus recursos em mercados mais seguros.
Alguém tem dúvida do potencial econômico do Brasil? Penso que dez entre dez pessoas acreditam neste potencial econômico. Então o que nos faz sempre ter uma economia que se assemelha ao voo de galinha? Exatamente o nível de risco interno. Não parece insano já ter naturalmente um ambiente de negócios com algum risco devido ao Brasil ser um País emergente e ainda potencializarmos este risco com questões políticas, de disputa de poder? A quem interessa este ambiente beligerante?
Sem dúvida o Brasil vive um momento delicado e o que é pior, parece que isso não tem fim. E para ajudar, o ano que vem tem eleições, principalmente a presidencial. Nada de calmaria.
Enquanto tudo isso acontece os indicadores econômicos tendem a piorar, e temas importantes, que poderiam melhorar este ambiente de negócios, como as reformas estruturantes, ficam em segundo plano.
Se a ideia era medir forças, o 7 de setembro já indicou quem a tem, agora seria o momento de retomar os planos que dariam um salto na gestão pública brasileira, tão alardeados durante a última campanha presidencial.
Maldita reeleição que faz com que os políticos pensem mais na próxima eleição do que na próxima geração. Há muito a fazer. No mínimo, espera-se um ambiente de negócios mais previsível. Não é pedir muito.