Política de Bauru: não há vencedores

Foram praticamente nove meses entre a abertura da Comissão Especial de Inquérito até a fatídica sessão extraordinária que votou pela não cassação da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim.

O legislativo de Bauru levou em frente investigações para apurar se a prefeita de Bauru teria cometido irregularidades nas aquisições de imóveis para a secretaria de educação em 2021, que montaram R$ 34 milhões.

Ao final dos trabalhos o relatório da Comissão Processante indicou três acusações contra a prefeita: omissão na prática do cargo; negligência na defesa de bens e interesses do município; e proceder de modo incompatível com a dignidade e decoro do cargo.

Nas três votações não foi atingido o número mínimo de 12 votos para que a chefe do executivo de Bauru fosse cassada.

A meu juízo, o resultado desta triste página da história da política bauruense foi: não há vencedores, todos perdemos.

Perdemos porque houve um enorme desgaste e tornamos as discussões políticas rasas. Houve exageros tantos dos acusadores como da acusada e seus apoiadores, inclusive partindo para ataques pessoais. Isso não agrega absolutamente nada em uma cidade do porte de Bauru.

Perdemos porque o tom das discussões ficou um pouco acima do razoável. Perdemos porque o respeito as Instituições e o respeito aos que ocupam cargos eletivos, ficaram em segundo plano.

Perdemos porque ficou evidenciado que há grupos políticos manipulando bastidores, que há falastrões que apostam no quanto pior melhor.

Perdemos porque ficou escancarado que a cidade carece de verdadeiros líderes, capazes, no diálogo, sem conchavos, baixar a temperatura política e praticar o senso coletivo.

Perdemos principalmente por novamente tornar a cidade de Bauru o centro de disputas políticas, vindo a memória o triste período do fim dos anos de 1990, com duas cassações, que jogaram no chão a autoestima do bauruense.

Não obstante as perdas contabilizadas, é possível, caso o espírito coletivo prevaleça, que tiremos algum proveito deste episódio.

O primeiro dele depende da Prefeita Suéllen Rosim: mais diálogo, menos personalismo, menos redes sociais e mais olho no olho, tanto com o Parlamento, como com a sociedade civil organizada, e principalmente com a população. Para que isso seja possível e verdadeiro, a preciso praticar a humildade, algo muito caro para os religiosos. O Executivo não pode ser uma ilha em que a Prefeita e seus Assessores se isolem de tudo e de todos.

O segundo refere-se aos vereadores que compõem a Câmara Municipal. Cada vez mais se consolida a formação de grupos de interesses, e o que é pior, com rachas mesmo entre os mesmos. O personalismo praticado pela Prefeita, também se faz presente entre os vereadores. Há ainda no comportamento de alguns o ódio escancarado, e mesmo com críticas legítimas, não escondem seus projetos de poder.

Clamo por um pacto, por uma trégua. Isso não é para tornar o debate mais pobre do que já é, mas sim, uma tentativa de colocar a cidade na rota do desenvolvimento econômico, na retomada do protagonismo regional, para se consolidar como referência de uma cidade com oportunidades e qualidade de vida.

Penso que não é pedir muito, principalmente aos atores políticos que não cansam de verbalizar seu amor pela cidade.

Quando todos são perdedores é preciso reconhecer que é possível melhorar e crescer com episódios como os vivenciados em Bauru nestes últimos meses.

A cidade e sua gente são muito maiores do que querem àqueles que somente pensam no poder. Vale refletir sobre tudo isso.

? www.reinaldocafeo.com.br

Uma resposta

  1. Reinaldo Cafeo, Parabéns pelo artigo, contudente e expos o quanto somos tratados com indiferença pela política local. Dinheiro jogado fora… quantas coisas poderiam ter sido feitas para Bauru nessas horas de trabalho, que não apresentaram nada de conclusivo e totalmente improdutivas com o nosso dinheito.

    Psc. Vanderlei C de Araujo
    Omnebios – Gestão de Pessoas e Meio Ambiente.

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