Os impactos já sentidos das tarifas americanas

O economista Reinaldo Cafeo avalia os impactos das tarifas norte-americanas que já estão sendo sentidos na economia brasileira.

Enquanto os políticos avaliam com seus assessores de marketing (“marqueteiros) como tirar vantagem política do possível aumento de 50% nas tarifas americanas a partir de primeiro de agosto, o lado real da economia, onde a coisa acontece, já sente os reflexos dos cancelamentos e adiamentos de compras por parte dos players americanos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Carnes (ABIEC) já houve retração de 60% nas vendas de carne bovina para os Estados Unidos. Já a Embraer estima o custo adicional anual de R$ 2 bilhões com as exportações de aviões, inviabilizando as vendas.

A Federação da Indústria de Minas Gerais elaborou estudo apontando que o impacto no PIB brasileiro pode ser impactado negativamente em 2,21%, com estimativa de perda na ordem de R$ 175 bilhões.

Já foram impactas as vendas de tilápias, rochas ornamentais, suco de laranja, café, entre outros produtos e importantes setores da economia. Isso sem falar do aço, minério de ferro, celulose, entre outros.

Podem levantar a bandeira da Soberania Nacional, do uso disso para elevar a popularidade do presidente Lula, mas o fato é que os setores impactados já sentem no bolso a inércia brasileira na negociação comercial com os Estados Unidos, e já solicitam financiamentos subsidiados para suportarem a queda nas vendas.

Enquanto outros países já se sentaram com o presidente Trump para negociar, o Brasil prioriza os discursos de um nacionalismo que não nos leva a nada, a não ser reforçar a união dos países “progressistas”, muitos deles, com regime totalitário.

Até mesmo membros do Brics, em especial a Índia, já trilharam seus próprios caminhos, demonstrando que a negociação, a diplomacia, são as melhores opções.

Enquanto isso, pasmem, estão enviando uma comissão de Senadores para negociar nos Estados Unidos.

Esse é o momento do Chefe de Estado, o Presidente Lula, assumir a dianteira, e demonstrar grandeza suficiente para deixar de lado diferenças ideológicas, e se sentar para negociar.

Se de um lado essa inércia e os discursos nacionalistas podem, no curto prazo, melhorar a popularidade do governante, e desgastar os que flertam com Trump, notadamente os “Bolsonaristas”, por outro lado, o nível da atividade econômica já começa a cair, e logo atingirá os empregos e a renda dos trabalhadores.

É querer demais que tenhamos governantes Estadistas, ou a sede de poder fala mais alto?

O lado real da economia já sofre, e fortemente, os impactos da falta de velocidade na negociação com os Estados Unidos.

Vamos esperar mais o que para reagir?

🌐 www.reinaldocafeo.com.br

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