Sem dúvida alguma o dia a dia no Brasil, em especial a política não é para amador. Não bastassem todos os desafios que o País enfrenta, ainda temos que conviver com o barulho ensurdecedor das consequências de decisões de nossos governantes, muito mais ditados pelo fígado, do que pela cabeça.
O País enfrenta de maneira desordenada o combate a uma pandemia que já se arrasta por um ano. Não há centralização das decisões, não há entrosamento entre a União, Estado e Municípios, e a população fica à mercê das decisões políticas nem sempre são coerentes.
A pandemia adiou decisões importantes no campo econômico, e o desequilíbrio no mercado é evidente. A inflação está pressionada. Há sinalização de aumento na taxa de juros. O crescimento econômico pode ser menor do que era espera há alguns meses. O desemprego é realidade.
A cotação do dólar oscila, ficando mais elevada do que o necessário, refletindo no curto prazo, todas as incertezas no tocante ao futuro deste País. Estramos em uma aventura fiscal, e o que se observa são atos impensados como, por exemplo, o aumento da carga tributária no Estado de São Paulo em plena crise sanitária e econômica.
Somam-se a tudo isso a necessidade de analisar a volta do auxílio emergencial e dar velocidade a pauta reformista, e para azedar ainda mais as coisas temos o Presidente da República, o “mito” (para alguns) atropelando o processo.
Não obstante ser “popular” querer atingir a formação do preço de venda dos combustíveis no Brasil, não é plausível que alguém que ocupa o principal cargo no executivo brasileiro não tenha conhecimento dos efeitos sobre o mercado de suas decisões. Não estamos, portanto, questionando “o que”, mas sim “o como” isso é feito.
A Petrobras, já utilizada de maneira nada republicana pelos governos anteriores, não pode ser objeto de interferência política, mesmo que o Estado brasileiro possua mais da metade das ações daquela companhia. É uma empresa de economia mista, listada em bolsa de valores, com ações sendo comercializadas não somente no Brasil como no exterior.
Tem seu “compliance” e profissionais, por sinal bem remunerados, para atender as demandas do executivo federal, e de maneira ponderada, técnica, avaliar como é possível reduzir os impactos das altas do preço do barril de petróleo e da cotação do dólar, no bolso dos brasileiros.
Tratar deste tema de maneira precipitada, trazer a público questões que podem ser tratadas no foro adequado, não resolvem o problema e o que é pior, contrariam todo o discurso de um governo que tenta ser liberal. Tudo isso abala a credibilidade não somente da Petrobras, mas de todas as Estatais, passando a impressão de que nelas tudo pode ainda tendo perdas expressivas no valor de mercado. A própria equipe econômica entra em descrédito.
É nesta hora que sentimos a falta de um Estadista com “E” maiúsculo, o que, infelizmente, já ocorre há anos. Agora, quando não se tem Estadista e ainda aflora o “populista”, então as coisas ficam pior. Tentar jogar para a torcida e não ter equilíbrio na tomada de decisões, tem seu preço: depreciar o patrimônio das Estatais, e em última instância o patrimônio de cada um de nós.
Se ser “mito” é ter comportamento desequilibrado, voltado para o interesse de criar um colchão confortável de votos para reeleição, prefiro enxergar as escassas opções para que busquemos um Estadista para comandar o País. Insisto, não é de hoje que a falta de líderes tem retardado a melhoria na qualidade de vida das pessoas. O ocorrido na Petrobras é só a comprovação do quanto andamos para trás.
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