Não é que em plano século XXI o governo do presidente Lula decidiu trazer de volta o já superado discurso de que na economia os ricos lutam contra os pobres?
Pois é, a área de comunicação do governo, na verdade o marketeiro do governo que assumiu como Ministro na Secretaria da Comunicação, Sidônio Palmeira, veio com essa agora: para reverter a queda na popularidade do presidente Lula, introduziu novamente a luta de classes. Até o ministro da Fazenda, o Haddad, para justificar maior tributação, alimentou esse discurso ao mencionar os que moram na “cobertura do prédio”, uma clara tentativa de dizer que tributará os ricos para favorecer os pobres.
Essa coisa de “nós contra eles” vem da luta histórica entre capital e trabalho — ou entre ricos e pobres — que foi um dos eixos centrais da história econômica e social da humanidade. Na antiguidade a desigualdade era marcante em sociedades escravistas, como Grécia e Roma, onde a riqueza se concentrava nas mãos de poucos e a maioria vivia como escravos ou camponeses pobres. Depois veio feudalismo (Idade Média) em que a estrutura social era rigidamente hierárquica. Senhores feudais detinham a terra (principal meio de produção), enquanto os servos trabalhavam em troca de proteção, sem mobilidade social.
A transição para o capitalismo industrial transformou profundamente as relações de trabalho. Surgiu o proletariado urbano, que vendia sua força de trabalho em condições precárias, enquanto os donos do capital (burguesia) acumulavam riqueza. Essa fase marcou o início da luta organizada dos trabalhadores, com greves, sindicatos e movimentos por direitos trabalhistas.
Karl Marx e Friedrich Engels teorizaram o conflito entre capitalistas (burguesia) e trabalhadores (proletariado) como motor da história. Propuseram a superação do capitalismo por meio da revolução socialista, com o objetivo de abolir a propriedade privada dos meios de produção.
No Século XX tivemos reformas e revoluções, tais como as Revoluções Socialistas, como a Revolução Russa (1917), que tentou implementar um sistema sem classes. Após a Segunda Guerra Mundial surgiu o Estado de Bem-Estar Social em países capitalistas, com políticas públicas para reduzir desigualdades (salário mínimo, previdência, saúde pública).
Já nas décadas de 1980-90 veio o Neoliberalismo com flexibilização de leis e enfraquecimento de sindicatos. A própria queda do muro de Berlim foi um indicativo que a luta de classes não tinha mais espaço.
Para quem já, sabiamente, superou essa leitura de “nós contra eles” sabe que para que pobres saiam da pobreza, sem o exagero do assistencialismo estatal, se faz necessário seguir alguns princípios, tais como liberdade de mercado, propriedade privada e responsabilidade individual. Nesta perspectiva o investimento em educação de qualidade abre o caminho mais eficaz para a mobilidade social. Com mais conhecimento e habilidades, o indivíduo se torna mais produtivo e competitivo no mercado de trabalho.
Outro ponto é garantir a liberdade para empreender, outra via importante para sair da pobreza. A redução da burocracia e da carga tributária facilitam a criação de pequenos negócios e estimular a inovação. Exatamente o contrário do que o atual governo vem fazendo.
Um mercado livre e competitivo gera crescimento econômico, o que, por sua vez, cria empregos e oportunidades. A intervenção estatal excessiva, distorce os incentivos e pode prejudicar os mais pobres ao limitar o dinamismo da economia. A segurança jurídica e o direito à propriedade são fundamentais. Quando os indivíduos têm garantias sobre o que possuem, tendem a investir mais e buscar melhorar sua condição de vida.
A assistência social deve deixar de existir? Evidentemente que não! Os programas sociais devem ser focalizados e temporários, voltados para capacitar o indivíduo a se tornar autossuficiente, e não dependente do Estado. As políticas públicas devem incentivar o trabalho, o esforço e a responsabilidade individual, evitando criar armadilhas de pobreza (como os benefícios sociais exagerados que desestimulam o trabalho formal).
Desta maneira, resgatar o discurso dos “ricos contra pobres” só demonstra o desespero de quem prometeu muito e entregou pouco. Só embarcará nesta temática os que são facilmente manipulados como massa de manobra, pois, quem tem um mínimo de senso crítico, sabe que o prazo de validade desse discurso venceu e ficou no século passado (até antes disso).
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