Não há dúvidas que a máxima brasileira, de que o ano começa somente após o carnaval, ficou para trás. Ainda mais quando a festa de momo cai no início de março, aí não se sustenta mesmo.
Na verdade, o ambiente econômico vai muito além do carnaval, o qual, pode ser considerado, no máximo, uma parada para “descanso”.
A pauta econômica deste ano é extensa. Em breve discutiremos a reforma tributária da renda. O principal ponto será a isenção do imposto de renda para quem tem salário inferior a R$ 5.000,00. Se não bastasse o desafio do projeto que será enviado ao Congresso pelo Executivo Federal, deputados e senadores se anteciparam, com novos projetos na área, e até falam em isenção para quem ganha até R$ 10.000,00. Haja fonte de receita alternativa para cobrir a perda de arrecadação. Acompanharemos com lupa.
Ainda nos desafios do ano sem dúvida outro desafio é a aprovação do Orçamento da União para este ano. Isso mesmo, o governo Federal não tem um orçamento para chamar de seu. Como saiu o acordo entre a classe política e a Suprema Corte em torno das emendas parlamentares, parece que a coisa agora vai. Aqui cabe uma observação: inversão total de valores. Não discutiam verbas para melhoria da qualidade de vida do cidadão, mas como manter as emendas parlamentares. Enfim, é o que temos.
No contexto do orçamento da União as dúvidas em relação ao compromisso fiscal do governo estão mantidas. Os agentes econômicos estão pagando para ver se em um ano anterior as eleições do ano que vem, com o Presidente Lula com sua popularidade indo ladeira abaixo, haverá mesmo determinação para reduzir os gastos públicos.
Do ponto de vista do dia a dia das pessoas, o maior desafio é o controle inflacionário. O Banco Central está fazendo sua parte, adotando política monetária mais restritiva, mas é pouco. A carestia penaliza os mais pobres, e é preciso fazer algo além do óbvio. O governo poderia contribuir em muito para essa questão. Como colocado, há dúvidas se efetivamente o controle fiscal será efetivo.
Não menos importante é a expectativa da reação do governo brasileiro em relação as mudanças tarifárias e alterações nas regras do comércio internacional sinalizado pelo presidente americano, Donald Trump. Uma postura beligerante do presidente brasileiro, com tem sido até agora, não auxiliará em nada o equacionamento de eventuais mudanças nesta área. Nossa diplomacia está distante de um caminho que vise o entendimento entre Nações.
Isso tudo com as famílias endividadas, cujo total já passou de 70 milhões de pessoas, e ainda há mais de 7 milhões de desempregados, também o país conta com mais de 40 milhões de brasileiro conseguindo levar o sustento da família na informalidade, e principalmente a queda na qualidade de vida de milhões de famílias, notadamente no quesito alimentação.
Se o carnaval serve para algo, talvez seja nos lembrar que não podemos mais adiar o enfrentamento dos graves problemas econômicos e sociais que o país enfrenta.
Se queremos elevar a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, sem dúvida será preciso ir muito além do carnaval.