Inflação: sem trégua no curto prazo

A inflação preocupa as principais economias do mundo. A pandemia impactou na oferta de produtos e serviços. O distanciamento e isolamento social, retiraram milhões de pessoas do consumo, que priorizam a compra de bens essenciais. Setores importantes passaram a conviver com desequilíbrio entre oferta e procura, tendo como consequência alta de preços. Há menos ofertantes no mercado.

As commodities alimentícias, os insumos da área de construção civil, o petróleo, a energia elétrica, entre outros são exemplos de “explosão de preços”.

A inflação no México, país emergente como o Brasil, acumula em 12 meses 6,60%. Na Argentina 51,8%. Nos Estados Unidos 5,3%. Na Rússia 6,7%. O Brasil deve fechar o ano com IPCA, inflação oficial, na casa dos 9%.

No caso brasileiro a questão fiscal tem trazido preocupação adicional, indicando estouro no teto de gastos, gerando incertezas, que estão sendo precificadas na alta de dólar. Dólar em alta, realimenta a inflação. O remédio, amargo, tem sido a elevação da taxa de juros, que saltou de 2% ao ano para 7,75% ao ano, com viés de alta.

Diante deste cenário, considerando todas as variáveis envolvidas, nada aponta para trégua na inflação, ao menos no curto prazo. Mantendo juros elevados, equacionando as questões fiscais, reduzindo a crise hídrica (temporada de chuvas), com os preços dos serviços atingindo seu limite após as recentes altas, é possível projetar preços menores a partir do segundo trimestre de 2022.

Com tudo isso acontecendo os investidores se retraem, e a roda da economia não gira, retardando a retomada do crescimento econômico. Para este ano o crescimento do PIB que poderia ser acima de 5%, chegando a 5,5% no comparativo com o ano passado, as mais recentes projeções já apontam para menos de 5%, e para o ano que vem, tendo ainda os reflexos do ambiente político, afinal, será ano de eleições presidenciais, se a economia crescer 1% será muito. Este número deve oscilar entre 0 e 1%.

Resumindo: inflação alta, exige juros elevados para compensar a falta de compromisso com a austeridade fiscal. Menos ofertantes no mercado, combinado com a indexação da economia via dólar, e a alta no preço dos serviços, último setor a se recuperar, jogam a inflação para cima. Incertezas retraem investidores, e a economia não gira na velocidade desejada.

Um ciclo que poderá ser rompido, dependendo de quem for o eleito em 2022, somente em 2023. Até lá, teremos que exercitar nossa capacidade em estabelecer estratégias, para que os limitados recursos disponíveis, sejam canalizados na direção correta. Reafirmo: trégua na inflação somente no segundo trimestre do ano que vem.

Não obstante sabermos do potencial econômico do Brasil, esta é a realidade nua e crua.

? www.reinaldocafeo.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *