Inflação, juros e crescimento econômico

A inflação no Brasil acumula em doze meses 9,68%. Neste ano, em oito meses, 5,67%. Restam quatro meses até o fim do ano. É evidente que o Banco Central não cumprirá a meta fixada de 3,75% com um limite máximo de 5,25% no ano fechado. É possível que não feche em dois dígitos, ou seja, acima dos 10%, mas o desafio para isso não é pouco.

De um lado os preços continuarão pressionados pelo aumento da energia elétrica, sem solução no curto prazo, pelos combustíveis e pelos alimentos. Para a inflação fechar na casa dos 8% neste ano o País terá que apurar índices mensais baixos. Nos últimos quatro meses do ano passado tivemos os seguintes índices: setembro 0,64%, outubro 0,86%, novembro 0,89% e dezembro 1,35%, acumulando 3,79%. Para fechar o ano no máximo em 8% de inflação, nestes quatro meses a inflação teria que acumular 2,20%, portanto, seria necessário cair de uma média de 0,93% ao mês para 0,55% ao mês.

Um dos remédios imediatos para derrubar a inflação é elevar a taxa básica de juros. Isso já vem ocorrendo em cada reunião do COPOM, como a de ontem, restando somente mais duas reuniões do Comitê até o fim do ano. Diante deste cenário os juros terão que superar a inflação, ou seja, juro real.  Para tanto, se a premissa é fechar o ano com inflação de 8%, a taxa básica de juros deverá ser, no mínimo, 8,5% na virada do ano.

Se isso tudo for confirmado, os preços ainda se manterão elevados, pelo menos no primeiro trimestre do ano que vem, indicando que os juros não cairão e é possível que atinjam os dois dígitos, ou seja, acima de 10% ao ano.

Diante deste cenário, como fica o crescimento da economia? Considerando os dados atuais e a base de comparação, ou seja, o pífio desempenho econômico do ano passado, é possível que o crescimento econômico deste ano seja na casa dos 5%. O problema é para o ano que vem.

Eleições, tensão política, aversão a risco por parte dos investidores, risco fiscal, esquerda com chance de voltar a comandar o Executivo Federal, questões climáticas, crise hídrica, falta de energia, e a própria taxa de juros, tudo isso deve impactar no mercado, assim a projeção realista para o crescimento da economia em 2022 é entre 0% e 1%.

Este patamar frustra os agentes econômicos, mas há muitas variáveis incontroláveis para que o Brasil entre definitivamente na rota do crescimento sustentável. Diante deste cenário, um pouco de cautela não fará mal a ninguém.

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