É no mínimo curiosa a obsessão que os membros do atual governo Federal, em especial o presidente Lula, têm pelo ex-presidente Bolsonaro.
Não há um evento público, uma viagem internacional, uma reunião de trabalho, uma coletiva de imprensa em que Bolsonaro não é citado (e sempre pejorativamente).
A impressão que passa é que o atual governo precisa desconstruir radicalmente tudo que foi realizado pelo seu antecessor, para justificar o que fará daqui para frente.
No campo econômico então nem se fala. Lula alardeia aos quatro campos que recebeu uma herança maldita. Como assim? Inflação sob controle, superávit primário, taxa de desocupação em queda, geração de emprego formal em alta, menor relação dívida pública com o PIB dos últimos sete anos, marco legal do saneamento, processos estruturados de privatizações, reforma da previdência, Banco Central independente, regulamentação das estatais evitando interferência política, sistema de metas de inflação, câmbio flexível, rigor fiscal, entre outros avanços, são heranças malditas? Como se diz popularmente: nem aqui e nem na China isso é verdadeiro.
É evidente que faz parte do jogo político desqualificar o antecessor até para marcar seu próprio território, mas está ficando cansativo. A pergunta é: quando atual governo Federal vai olhar para frente, administrar o país pelo para-brisa e não pelo retrovisor?
Não quer elogiar conquistas do governo anterior? Tubo bem, omite, agora, fazer críticas diárias, passa a impressão de que o Lula e sua equipe buscam “muletas” para justificar eventual fracasso, principalmente no campo econômico.
Querem fazer diferente? Querem um Estado mais interventor? Querem rever metas de inflação? Querem tutelar a população? Façam isso, mas em perspectiva, mostrando aos agentes econômicos os projetos, e relação de causa e efeito, caso contrário, as incertezas que já são naturais quando é analisado o recente fracasso do PT no governo, principalmente no período de Dilma Rousseff, serão potencializados e não há como estimular o setor privado para que aportem seus investimentos produtivos.
Passou da hora de o PT e Lula mostrarem a que vieram, sem bravatas, sem caça às bruxas, e praticando aquilo que preconizaram: trazer a união e reconstrução.
Alguém precisa avisar o presidente Lula e os seus seguidores que acabaram as eleições e que passou da hora de descerem do palanque. Ou será que o receio de fortalecimento da oposição e em especial de Bolsonaro é de tamanha grandeza que atacar passa a ser a melhor defesa?
Reforço o pedido: que tal olhar pelo para-brisa e não pelo retrovisor?