Para fugir do denominado voo da galinha, e galinha não voa, é fundamental que o crescimento econômico brasileiro seja sustentável ao longo do tempo.
Os agentes econômicos sentem-se inseguros quando há oscilações na economia, ou seja, a alternância em curto espaço de tempo de crescimento e recessão.
O governo Bolsonaro e, mais especificamente, o seu Ministro da Economia, Paulo Guedes, estabeleceu sua estratégia para dar esta sustentação. Concordem ou não, aceitem ou não, ela existe.
O primeiro passo é garantir equilíbrio nas contas públicas. É evidente que não há condições de zerar a dívida pública, contudo esta dívida deve ser sustentável. Neste contexto, indicadores como juros real e crescimento da economia demonstram o quanto a economia do País é saudável.
O desafio é: como maximizar o bem-estar da sociedade considerando as limitações do orçamento público, mesmo que para isso o déficit fiscal tenha que ser financiado pelas dívidas.
Neste contexto é imperativo que haja superávit primário. Receita menos despesas do setor público, sem contar o serviço da dívida, precisa ser positivo.
Aqui há um desafio adicional: se no passado as reformas poderiam indicar o caminho seguro para estabilizar a dívida pública, agora o tamanho do buraco será ainda maior. Podemos ter um déficit primário na casa dos 8% a 10% do PIB, algo próximo a R$ 800 bilhões. Não é pouca coisa.
As variáveis a serem controladas são: receitas menos despesas, os juros reais praticados e o estoque de dívida. A variação da dívida a partir destas variáveis precisa ser zero para considerarmos tecnicamente sustentável. E isso não vai ocorrer.
A reforma da previdência trouxe e continuará impactando positivamente, mas é pouco. A reforma administrativa, tornando o Estado mais leve, passa a ser imperativa. As privatizações precisam criar corpo, a reforma tributária precisa sair do papel, e é fundamental aumentar a produtividade em todos os setores da economia.
O chamado custo Brasil (a ineficiência no uso dos estoques dos fatores de produção) é um grande limitador. O baixo investimento em ciência e tecnologia, impede que a sociedade maximize sua capacidade produtiva.
Além disso, o ambiente de negócios é inseguro juridicamente falando, tendo ainda grandes desafios tais como promover o empreendedorismo, introduzir os jovens no mercado de trabalho, entre tantos outros.
Se na virada do ano passado as projeções apontavam um caminho difícil, mas de alguma maneira seguro ali na frente, hoje, não só voltamos à estaca zero, como andamos para trás.
Não perder de vista quais são os alicerces para garantir a sustentação do crescimento da economia já é um primeiro passo.
As incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus, potencializada pelo conturbado ambiente político, com clara disputa de poder, e ainda tendo o calendário eleitoral pela frente, tudo isso gera dúvidas e variáveis que assombram a mente dos agentes econômicos.
É fundamental que o governo Bolsonaro retome o modelo econômico planejado e sinalize que trilhará um caminho seguro.
Voo da galinha, nunca mais. Está mais desafiador sustentar o crescimento econômico brasileiro, mas é preciso superação.