A geração efetiva de riquezas vem do setor privado, e não o setor público, como erroneamente preconizam alguns que são fãs do um Estado inchado e interventor. O Estado somente existe a partir dos pagadores de impostos, os quais reduzem sua renda disponível para financiarem a máquina pública.
Somente se o Estado fosse menos gastador, aí poderiam existir excedentes financeiros, que se canalizados a investimentos, seriam um dos indutores do crescimento econômico, mas infelizmente não é essa realidade do país, e se alguém promete mais participação do Estado na economia, será certamente a custo de endividamento público, com pagamento de juros, ou seja, a conta chegará e todos pagarão.
Isso posto, o ambiente de negócios exige que o empreendedor corra riscos. Por este prisma, quanto maior o risco, maior será a exigência de retorno. Quando há segurança jurídica, modelo econômico consistente, principalmente no rigor fiscal, o nível de risco cai, e a exigência de retorno passa a ser menor.
Podemos sintetizar o risco em duas dimensões: o risco sistêmico e o não sistêmico. Para descomplicar o mundo das finanças, vamos traduzir em palavras simples estes dois conceitos.
O risco sistêmico é aquele que todos os empreendedores estão sujeitos, ou seja, é o risco do mercado como um todo. É o risco que afeta simultaneamente todos os negócios. Por exemplo: inflação descontrolada, juros elevados, taxa de câmbio com elevada volatilidade, baixo crescimento econômico, recessão, entre outros.
Já o risco não-sistêmico está ligado ao próprio negócio. Neste caso é preciso ser rigoroso com o planejamento estratégico, ao mesmo tempo, capacitar a equipe, ter consciência ambiental, social e de governança (pilares do ESG), focar no orçamento, ter e praticar a essência do compliance, enfim, fazer a lição de casa para que o negócio seja bem gerenciado, com retorno operacional superior ao custo de captação de recursos. Em resumo: negócio que se sustenta ao longo do tempo.
O modelo econômico do país pode auxiliar na primeira dimensão do risco: mitigar o risco sistêmico. Por que muitos empreendedores estão aguardando ansiosamente o fim das eleições para Presidente da República? Exatamente para avaliarem em que ambiente empreenderão nos próximos quatro anos. Por este prisma fica evidente que o modelo econômico atual, pró-mercado, já é conhecido e sua continuidade reduziria em muito as incertezas, portanto, mitigaria o risco, exigindo menos retorno e até potencializando os investimentos produtivos. Já o outro modelo, por ser desconhecido, faz com o empreendedor pise no freio, esperando pacientemente sinais do que poderá esperar do eventual próximo governo da esquerda.
A combinação de boa gestão das organizações, como menor risco conjuntural (sistêmico), estimula o setor produtivo, os investimentos saem do papel, e a roda da economia gira em favor do empreendedorismo, do emprego, da melhoria da renda, e consequentemente aumento o nível de arrecadação, que se for acompanhado de boa política social, ajuda a eliminar as desigualdades sociais.
Operar o setor privado já é um risco em si, mas operar com incerteza no tocante ao modelo econômico e, portanto, do tamanho do risco sistêmico, é arriscar demais o capital, o que leva os agentes econômicos a serem cautelosos, cá entre nós, com razão.