Em 2020 a economia encolheu 4,1% e este ano?

Dados divulgados pelo IBGE deu a dimensão das consequências da pandemia de Covid-19: a economia teve queda real, acima de inflação, de 4,1% em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de R$ 7,4 trilhões e o PIB por pessoa ficou 4,8% menor em 2020 atingindo R$ 35.172,00.

Analisando o PIB pelo lado da oferta somente o setor primário (agropecuária) da economia fechou no azul: + 2,0%, enquanto o setor secundário (indústria) apresentou queda de 3,5% e o setor terciário (comércio e serviços) despencou 4,5%. Todos os dados comparados com 2019.

Quando a análise é pelo lado da demanda temos: Consumo das Famílias negativo em 5,5%; Investimentos com queda de 0,8%; os Gastos do Governo foram de (-) 4,7%; as Exportações caíram 1,8% e as Importações despencaram 10,0%. No caso do Consumo das Famílias foi o pior desempenho em 24 anos.

O resumo destes números é o seguinte: não foi tão ruim como as projeções de início de pandemia (há um ano), posto que o segundo semestre foi positivo, porém, na média estamos mais pobres.

Isso posto vem a pergunta que não quer calar: e este ano? Não obstante os operadores do mercado, via Boletim Focus, apontarem para crescimento econômico acima de 3% (no último Boletim a projeção foi de 3,29%), os desafios não são poucos.

Com o agravamento da pandemia, com o abre e fecha das atividades econômicas, convivendo com elevado nível de desemprego, e sem vacinação em massa, no curto prazo, ou seja, neste primeiro trimestre, podendo se estender para o segundo trimestre, não dá para ter otimismo quanto ao desempenho econômico do Brasil.

Para agravar ainda mais a situação o País vive em ambiente de muitas incertezas, elevando risco em investir aqui. As reformas estruturais ainda patinam. As contradições do governo Bolsonaro no tocante à pauta liberal geram mais incertezas. Há dúvidas quanto a capacidade de o governo em segurar o endividamento público.

A inflação dá sinais de alta, o nervosismo se instalou no mercado e elevar a taxa de juros básica passou a ser inevitável. E se tudo isso não bastasse, temos total falta de sintonia dos governantes e os profissionais de saúde na condução das ações para combater a pandemia de covid-19, com nítidos embates políticos, que vão no sentido contrário de salvar vidas e a economia. E para não faltar emoção, as articulações visando as eleições presidenciais para o ano que vem já ganham importantes contornos.

Aos agentes econômicos resta exigir, isso mesmo, exigir, que o setor púbico e em especial a classe política faça a lição de casa, harmonizando no que for possível, dando velocidade na pauta estruturante, ofertando mais vacinas e acima de tudo praticando o senso coletivo.

Fora isso é viver cada dia contornando o que for possível, apertando onde der, fazendo mais com menos, enfim sobrevivendo, à espera de que as coisas melhorem.

Mesmo considerando que o tombo da economia o ano passado poderia ter sido pior, o que interessa para todos nós é como vamos driblar os desafios atuais, tanto como empreendedores, como trabalhadores. Novamente o brasileiro será testado em sua capacidade de girar vários pratos ao mesmo tempo. É no mínimo cansativo tudo isso.

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