A condução da economia do País não tem calendário definido, mas entendo que se o governo Bolsonaro pretende ter o que entregar no ano que vem, no campo econômico, aos agentes econômicos, vai ter que correr, à medida que faltam praticamente quatro meses para a virada do ano.
Em 2022 teremos eleições e dificilmente o Congresso Nacional apreciará temas que possam de alguma maneira impactar no dia a dia das pessoas e das empresas, portanto, os assuntos “polêmicos” serão adiados, entre eles reformas estruturantes.
Podemos dividir os principais desafios para da economia brasileira em partes. No curto prazo é preciso conter a inflação. Não tem como adiar ações na direção de desacelerar a escala de preços. Neste particular é preciso utilizar as políticas macroeconômicas em sua plenitude, principalmente a política monetária. Se isso ocorrer teremos a desinflação, tendo como meta fechar o ano que inflação abaixo de 7%. Dado o desequilíbrio de mercado, e a possível inflação de serviços, não será tarefa fácil, mas necessária.
Outro ponto a ser atacado no curto prazo é a desconfiança de que haverá perda de controle fiscal. A equipe econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes não pode nem pensar em contabilidade criativa. Tentar driblar o teto de gastos é trazer risco adicional. Duas questões precisam ser equacionadas deixando clara as fontes de financiamento: os pagamentos de precatórios e o novo Bolsa Famílias, batizado de Auxílio Brasil. Aqui a visão técnica terá que prevalecer em detrimento a visão política.
Outro ponto, para sinalizar com a sustentação do crescimento econômico, será necessário avançar no que for possível tanto na reforma administrativa, principalmente ela, como na reforma tributária.
Abrindo perspectivas para que que inflação desacelere, deixando claro o compromisso fiscal, pautando as reformas estruturantes (mesmo que não sejam as ideais) o risco Brasil cairá, com ele haverá menor pressão no câmbio, e a economia aos poucos remota seu ritmo normal, estimulando os investimentos produtivos. Com a roda da economia girando, voltam o emprego e a geração de renda.
Para que tudo isso seja possível a pauta do governo federal, em especial do presidente Jair Bolsonaro, deve mudar. Gastar energia em temas já vencidos, como o voto auditável, querer o impeachment de Ministro da Suprema Corte, focar na pauta de costumes, alimentar discursos populistas (que atendem somente a sua plateia) e manter-se beligerante, em nada contribuirá para que estes próximos quatros meses sejam o divisor de água para o atual governo.
Neste particular os conselheiros de Bolsonaro e em especial dois ministros o da economia, Paulo Guedes, e o da casa civil, Ciro Nogueira, precisam dialogar com o presidente da república, e a partir daí focar no que é essencial para Pais. Fora isso é dar munição para seus opositores e o que pior, não atender os anseios da população que sofre calada com o crescimento da miserabilidade.
Serão quatro meses desafiadores, naturalmente se o governo federal realmente quiser criar bases para colher frutos na economia em 2022. Caso contrário, lamentavelmente, será um desperdício de energia e de capital político.