Nos dois mandatos de Lula como presidente da República (2003-2010) ele teve a seu favor o chamado boom das commodities, em que os preços das matérias-primas subiram e o Brasil levou vantagem internacional.
Atualmente o mundo convive com um período de elevadas taxas de inflação e com os bancos centrais das principais economias promovendo aperto monetário para conter a escalada de preços. De um lado a necessidade de controlar a inflação, de outro lado não permitir que essas economias entrem em recessão econômica.
Apesar desse cenário mundial adverso, inclusive com baixo crescimento econômico chinês (o contrário da primeira gestão de Lula), abriu no Brasil uma janela de oportunidades que podemos denominar de “tempestade perfeita”.
O primeiro importante fator é o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Isso derruba a cotação do dólar no mundo todo, inclusive no Brasil. O tão criticado Banco Central brasileiro ao manter a taxa de juros elevada para controlar a inflação, acertadamente por sinal, potencializa a entrada de divisas no país, derrubando ainda mais a cotação da moeda estrangeira, pelo diferencial de juros favorável ao Brasil.
Essa entrada de dólares também se dá no bolsa de valores pela constatação de que as ações brasileiras estão “baratas”. Além disso, é possível que em breve os juros caiam aqui no Brasil, o que torna a renda fixa menos atrativa, com os recursos migrando para renda variável, no caso, mercado acionário.
Por falar em queda dos juros, a política monetária do Banco Central está fazendo efeito, e está em curso a desinflação. O mercado já projeta juros menores, o que tem impactado o mercado positivamente.
No caso da China, se de um lado a economia dá sinais de enfraquecimento, de outro lado as apostas são de que o governo chinês promoverá incentivos na economia, portanto, boas perspectivas para as exportações de commodities pelo Brasil.
E mais um fator importante: o aperfeiçoamento do novo Arcabouço Fiscal brasileiro promovido pelo Senado Federal, principalmente ao “endurecer” a possibilidade de aumento de gastos. Rigor fiscal soa como música aos ouvidos dos agentes econômicos.
Diante de um cenário de queda de inflação, perspectivas de queda de juros, bolsa indo bem, ingresso de capital estrangeiro, é só o governo Federal, principalmente o presidente Lula, não atrapalharem que será possível tirar vantagem dessa “tempestade perfeita”. É o que se espera.