A taxa básica de juros no Brasil está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. O Banco Central, corretamente, utiliza-se desse instrumento de política monetária para controlar a inflação e alcançou resultado: o IPCA, inflação oficial do país, acumula alta de 3,16% nos 12 meses até junho deste ano e o IPCA-15, já incorporando o mês de julho deste ano, acumula 3,40% em 12 meses. Estão muito próximas do centro da meta para esse ano que é de 3,25%.
Até agora o Banco Central justificava o adiamento da redução da taxa básica de juros em função de não ter certeza de que as quedas nos preços eram consistentes, apontava inclusive o fato de o núcleo de preços de serviços ainda ser resistente, contudo, no IPCA-15 a constatação foi de que também esse grupo começa a observar redução, mas há um fato adicional, que é o indicativo de que chegou a hora de reduzir os juros: a queda do nível de atividade econômica que ocorreu em maio, isto é, o IBC-Br considerado a prévia do PIB que veio negativo em 2% na comparação com abril e o monitor do PIB da FGV que apontou retração de 3% no mesmo período.
Tecnicamente a política monetária restritiva, cuja principal decisão é elevar a taxa básica de juros, tem prazo de validade e vencerá quando de um lado a inflação é contida e de outro lado derruba o nível de atividade econômica, o que ocorreu em maio (último indicador disponível). É a demonstração de que a dose do “remédio” precisa ser reduzida. O instrumento cumpriu seu papel e chegou o momento de estimular a economia.
É evidente que como todo remédio de uso contínuo, que continuará sendo utilizado daqui para frente, não dá para ser reduzido muito fortemente. As reduções devem ser gradativas para que o “organismo” reaja sem efeitos colaterais.
Desta maneira, reduzir os juros na próxima reunião do COPOM dos dias 1 e 2 de agosto, em 0,25 e até 0,50 ponto percentual, gerará efeitos positivos na economia, sem que necessariamente deixar de cumprir seu papel de controlar a inflação.
Uma eventual redução na taxa de juros, desde que na dose certa, trará efeitos benéficos a economia, sem que ocorram efeitos colaterais indesejados.
Tudo tem seu tempo, e a leitura é que chegou o momento de estimular a economia, reduzindo os juros, sem deixar de lado a responsabilidade que o Banco Central demonstrou presar ao longo desses anos.