O resultado fiscal do governo brasileiro até outubro de 2025 apresenta um cenário misto, com desafios significativos no horizonte. Apesar do superávit primário (receita menos despesa sem considerar os juros da dívida pública) de R$ 36,5 bilhões em outubro, no acumulado em dez meses o rombo das contas públicas totaliza R$ 63,74 bilhões, distante da meta fiscal que é de zerar esse valor ou na pior das hipóteses apresentar um déficit de 0,25% do PIB (R$ 31,3 bilhões).
Com o resultado apurado até agora, a dívida pública brasileira continua em trajetória ascendente, o que exige e continuará exigindo que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros elevada para atrair os financiadores do governo.
Todos sabem que a taxa de juros é utilizada para controlar a inflação, contudo, mesmo que a inflação ceda em parte, os juros não caem devido a relação risco/retorno na rolagem da dívida pública. Os juros tendem a ficar elevados para atrair compradores dos títulos públicos.
Os agentes econômicos sentem os efeitos dos juros altos na pele. O IBC-Br, por exemplo, que é a prévia do PIB (Produto Interno Bruto), ficou negativo em 0,9% no terceiro trimestre deste ano, demonstrando desaceleração da economia, notadamente no varejo brasileiro.
Desaceleração da economia indica menor crescimento do emprego, consequentemente, menor geração de renda.
O cenário fiscal brasileiro é delicado, com a dívida pública em tendência de alta, sendo que projeções do Instituto Fiscal Independente do Senado Federal apontam para algo acima de 124,9% do PIB em 2035 se nada for feito até lá. Patamar insustentável para as contas públicas. Risco eminente.
O pior é que este cenário se desenha as vésperas das eleições presidenciais, indicando que nada muito estruturante será implementado até o fim de 2026.
Uma coisa é certa: seja lá quem for eleito para a Presidência da República o ano que vem, em 2027 o país precisará de um forte ajuste fiscal. Se o atual governo continuar, tudo indica que a prioridade será aumentar a carga tributária, se a oposição conseguir eleger seu candidato, a tendência é de corte de gastos. O tempo dirá.