Brasil em recessão técnica

Com a queda de 9,7% do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) no segundo trimestre deste ano no comparativo com o primeiro trimestre também deste ano, o Brasil está em recessão técnica. Isso ocorre quando em dois trimestres ou mais o PIB apresenta recuo. No primeiro trimestre a queda foi de 2,5%.

O Brasil acumula no primeiro semestre deste ano, comparado com idêntico período do ano passado, queda de 5,9%, patamar alinhado com as expectativas do mercado para o ano fechado.

A pandemia do novo coronavírus, a Covid19, colocou por terra qualquer perspectiva de crescimento econômico para o Brasil, realidade também enfrentada em outros Países.

Os dados do segundo trimestre, quando analisados pelo lado da oferta, apontam que somente o setor primário da economia teve resultado positivo: +0,4%. Como este setor representa somente 5,5% do total do PIB, seu efeito no resultado não é significativo. As regiões com matriz econômica alicerçada na agropecuária sentiram menos os efeitos da crise atual.

A indústria observou tombo de 12,3% no trimestre, sendo que a indústria de transformação foi a mais afetada: queda de 17,5% no período. A construção civil recuou 5,7%.

Representando 75% do PIB o setor terciário da economia amargou queda de 9,7%. O comércio, que faz parte deste setor, recuou 13%.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias apresentou recuo de 12,5%. Vale lembra que esse item representa 70% do PIB, portanto, este recuo impactou decisivamente na queda total do PIB. Os investimentos recuaram 15,4%, o consumo do governo recuou 8,8%, tendo o setor externo apresentado alta de 1,8% nas exportações e queda de 13,2% nas importações.

Por tudo isso, mesmo com bons indicadores de desempenho nos meses de julho e agosto deste ano, é difícil apostar que a recuperação da economia seja rápida, no chamado V. Tudo aponta que será em U, deixando o W de lado. Recuperação lenta, mas virá.

O ambiente é de incertezas. Consumidores, setor público e empresários estão “feridos” financeiramente. O recuo no consumo das famílias não foi pior devido ao auxílio emergencial, gerando um “artificialismo”, o qual tem prazo de validade para acabar.

Evidentemente que a queda do PIB não quer dizer PIB zerado. Há menos riqueza gerada e a disputa no mercado será intensificada, afinal, recuamos cerca de 10 anos: produziremos este ano o mesmo que produzimos em 2009.

Quem estabelecer estratégias adequadas, somadas a incentivos governamentais, que certamente virão, notadamente na área de construção civil, setor gerador de empregos, poderá abocanhar parte deste fraco PIB.

Desafios não faltam, principalmente no controle fiscal do setor público. O momento é para a equipe econômica dizer a que veio: pauta positiva daqui para frente para reduzir os impactos sociais deste momento de recessão.

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