Ambiente econômico requer foco

Sem dúvida alguma a pandemia da Covid-19 bagunçou a economia. De um lado diminuiu o número de ofertantes, à medida que muitas empresas reduziram suas atividades, outras não sobreviveram, e de outro lado a demanda aqueceu, tanto internamente como externamente. Resultado: desequilíbrio.

Quando recorremos a Ciência Econômica para tentar explicar este momento, fica mais fácil entender um pouco melhor os desafios que se apresentam. Vamos focar nas metas de política econômica. Por este prisma o ambiente econômico deve criar condições para que a economia cresça, que a inflação fique controlada, que o emprego seja gerado e que a renda seja distribuída de maneira equânime.

Comecemos com o crescimento econômico. Este ano a economia crescerá. Mesmo com o recuo do Produto Interno Bruto no segundo trimestre deste ano em 0,1%, no semestre fechado a alta foi de 6,4% na comparação com o primeiro semestre do ano passado, assim é factível crescimento próximo a 5% em 2021, mesmo porque a base de comparação é precária, posto que em 2020 a economia brasileira levou um tombo de 4,1%. Esta meta será cumprida.

Já o controle da inflação está distante de ocorrer. Neste particular a inércia da equipe econômica do governo Bolsonaro chama a atenção. Deixar somente para o Banco Central monitorar o nível de inflação, com política monetária, é adiar a derrubada mais firme dos preços. A carestia é realidade. Preços importantes na economia operam acima de 2 dígitos, como são os casos da energia elétrica, combustíveis e alimentos, o que não é admissível, mesmo considerando a bagunça na economia que mencionamos acima. Aqui requer foco.

Mesmo mantendo as convicções neoliberais, de que o mercado é soberano, é possível firmar acordos setoriais, utilizar a política comercial em nosso favor, enfim, dar velocidade na eliminação do desequilíbrio entre oferta e procura. Os vilões da inflação são conhecidos, portanto, precisam ser equacionados.

No tocante ao emprego, este será recuperado lentamente. Dados do CAGED apontam a geração de emprego formal que combinado com a queda da taxa de desemprego apurada pelo IBGE, indicam melhoria no mercado de trabalho, contudo, a velocidade não será a esperada pelos trabalhadores. Os mais bem qualificados chegarão mais rapidamente lá e os menos qualificados amargarão mais tempo em busca de uma colocação. Resta apostar na carreira solo via Microempreendedor Individual, afinal são mais de 14 milhões de brasileiros desempregados.

Em relação a distribuição justa de renda, enquanto o bolo não crescer, não haverá recursos a serem distribuídos. Neste particular a volta do emprego minimizará as desigualdades sociais, mas sem dúvida será um longo caminho.

Diante destes desafios o que não é possível aceitar é desvio de foco e de prioridades. Já cansou este tensionamento entre os Poderes Constituídos. Também está insuportável a discussão neste momento das eleições presidenciais do ano que vem. Cansa o foco diário na CPI da Pandemia. Também é cansativa a discussão em torno de mais gastos públicos, passando a impressão que no setor público tudo pode e que não há limites para estes gastos.

Enfim, é hora de baixar a bola, priorizar o que é mais importante para a população, deixando de lado, este tóxico ambiente político. Sem dúvida o ambiente econômico requer foco, portanto, exijamos este comportamento dos agentes políticos.

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