Confesso que não é fácil entender a economia brasileira, afinal a busca ao longo do tempo foi no sentido de garantir o crescimento sustentado, mas o que normalmente o país colheu foi o “voo da galinha”.
Apesar desta realidade não há dúvidas que a economia brasileira é resiliente. Essa capacidade de se adaptar, de “tirar leite de pedra”, confirma o que já sabemos: há um enorme potencial econômico a ser explorado e trabalhado pelos agentes econômicos.
Enquanto o mundo discute a possível recessão econômica em vários importantes países, principalmente os desenvolvidos, por aqui os indicadores econômicos são animadores.
Alguns exemplos: o IPCA-15, prévia da inflação, apontou pelo segundo mês consecutivo deflação, acumulando 7,96% em 12 meses, com viés de queda. O mais recente Boletim Focus traz projeção de 5,88% para este ano, com revisão semanal, para baixo.
Na outra ponta as projeções para o crescimento da economia continuam são revisadas para cima, com o mercado projetando 2,67% para 2022, e há projeções econométricas apontando que este crescimento pode atingir 3,5%.
As contas públicas devem apresentar superávit primário neste ano, ou seja, o nível de arrecadação do governo central vai ultrapassar os gastos com a máquina pública, gerando excedentes que permitem pagar parte do serviço da dívida, evitando o crescimento do endividamento público. É o rigor fiscal tendo resultados práticos.
Dados do emprego formal trazem saldo positivo desde o início do ano, além da queda na taxa de desocupação.
Em resumo: inflação sob controle, com menor pressão sobre a política monetária, revisão do crescimento econômico, controle das contas públicas, geração de emprego formal, queda na taxa de desocupação, criam um ambiente favorável para quem quer empreender.
Os investimentos produtivos somente não sairão do papel se o modelo econômico brasileiro sofrer uma guinada de 180 graus, trazendo incertezas, elevando o nível de risco, afugentando os investidores do setor privado.
O que está posto é: há um modelo econômico em curso, os indicadores econômicos são positivos, e não aceitar esta realidade é desejar ao país o “quanto pior, melhor”, e por trás disso só pode existir um projeto de poder, em que prevalecem o individualismo, o interesse de pequenos grupos dominantes, e não o coletivo.
Que a resiliência da economia brasileira seja inspiradora, e que os bons resultados apresentados até agora, promovam a inserção social e alicerces para que efetivamente consigamos alicerçar o crescimento econômico.
Deixar de considerar o bom momento da economia brasileira é no mínimo ser cego seletivo.