O primeiro desenho é no contexto macroeconômico. Qualquer pessoa com conhecimento mediano em economia sabe que um dos pontos básicos para sustentar o crescimento econômico vem do controle fiscal.
O desastre da política econômica do PT, notadamente na gestão de Dilma Rousseff, levou o Brasil a gerar déficit primário. A gastança ficou solta. Com uma matriz econômica equivocada, levou o País a observar algo inédito em sua história: dois anos seguidos de tombos acima de 3,5% na economia (recessão na veia).
Com indicadores econômicos e sociais deteriorados, Dilma sai de cena e Temer assumiu o comando do País. Henrique Meirelles foi o comandante da economia e teve que juntar os cacos. Era imperativo limitar os gastos públicos, portanto, introduzir o teto de gastos foi um caminho corretamente adotado, sendo, inclusive pedagógico, sinalizando: basta de gastança sem controle.
Os dois anos de recessão ficaram para trás, e o Brasil e mesmo com crescimento baixo, iniciou redesenho da economia brasileira. O projeto de Meirelles para economia foi interrompido quando houve o vazamento de gravação que comprometeria o então Presidente Temer. Restou levar o País para as novas eleições presidenciais.
Bolsonaro vence as eleições muito menos por seus méritos, muito mais pelo passado do PT, ligado a corrupção que culminou inclusive com a condenação em segunda instância de seu maior líder, o Lula. Qualquer um que tivesse um discurso oposto ao que foi praticado pelo PT teria chances reais de vencer as eleições presidenciais. E isso se concretizou.
Ao escolher Paulo Guedes como ministro da economia Bolsonaro sinalizou a introdução no País de uma nova matriz econômica, mais liberal. Era fundamental continuar o ajuste fiscal a reformar a previdência, que acumulou em 2020 déficit de R$ 318 bilhões (crescimento de 10% sobre 2019), seria um primeiro passo, e isso se concretizou. O crescimento em 2019 foi ainda baixo, mas a projeção para este ano era positiva. Com novas reformas no radar, entre elas a tributária e administrativa, crescer algo entre 2% e 2,5% era factível.
A Bolsa de Valores brasileira refletiu no início de ano este otimismo, operando em sua máxima histórica em termos nominais. A pandemia do novo coronavirus mudou todo o panorama. As reformas foram adiadas e a quarentena prolongada agravou os indicadores econômicos.
Feito este primeiro desenho, vamos ao segundo: o ambiente local. Lembrando quem o resultado macroeconômico depende do desempenho microeconômico. Quem leu atentamente meu artigo “tem hora que é preciso desenhar?” verificou que em momento algum imputei ao executivo municipal responsabilidade pelo agravamento econômico.
O que ponderei e continuo a defender é que o setor privado e a sociedade como um todo acreditaram nas palavras tanto do governador como do prefeito de Bauru, sempre apontando a “ciência” como o pano de fundo para suas decisões. Isso não foi demonstrado. Agora, depois de mais de 120 dias com as atividades paralisadas há mais de 90 dias o fôlego financeiro acabou. Não é nunca foi o pedido do liberou geral, mesmo porque a situação da Covid19 é grave.
A questão é simples: executivo municipal olhe e cuide dos seus, esqueça o governador que em momento algum considerou a realidade do interior de São Paulo, errou, usou a pandemia com fins políticos. Sequer saiu de São Paulo neste período. Interior esquecido.
Com coerência, diálogo, filtrando os pleitos e acima de tudo aberto a críticas, é possível, com responsabilidade, reduzir os impactos econômicos locais. Não resolveremos o problema do País, mas resolveremos os nossos problemas. Só para ilustrar Bauru observou o pior semestre em 4 anos no tocante a geração de emprego: perda acumulada de 1.941 postos de trabalho, com o comércio sendo o mais afetado.
Meu desenho final é: executivo municipal, administre sua cidade, tenha um olhar para os seus. O resto é chororô daqueles que acreditam que o dinheiro público é infinito, ou tem a sua situação financeira resolvida.