Venceu o prazo de validade de Paulo Guedes?

A atuação pública do então parlamentar, Jair Bolsonaro, atualmente Presidente da República, foi pautada muito mais por decisões corporativas, no caso, o segmento militar, que por sua formação nesta área, chegando a Capitão, sempre foi favorável a um Estado mais forte, mais intervencionista, por sinal, essa foi a tônica do período em que os militares assumiram o poder no Brasil entre os anos de 1964 até 1985.

Quando Bolsonaro surgiu como uma opção para se contrapor a esquerda brasileira, que governou (ou desgovernou) o Brasil por 13 anos, seu projeto político não era consistente, principalmente no tocante a política econômica. Foi quando surgiu o nome de Paulo Guedes.

Formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais, com mestrado e doutorado pela Universidade de Chicago, Guedes trouxe a possibilidade de o modelo econômico brasileiro ser mais pró-mercado, saindo de um intervencionismo, para a regulação, fazendo com que a Escola Liberal (característica da Universidade de Chicago) fosse abraçada por Bolsonaro.

Assumindo que não entendia de economia, Bolsonaro passou a mencionar que as questões da área econômica seriam com o Guedes, seu “Posto Ipiranga”, uma alusão a propaganda desta empresa, em que você resolve tudo que precisa.

Bolsonaro foi eleito e o projeto liberal foi colocado em prática, ou pelo menos, houve tentativa de fazê-lo. Um dos pilares seria focar nas Reformas Estruturantes. Para tornar o Estado mais leve, seriam necessárias as Reformas da Previdência, Administrativa, Tributária, Política, além de dar velocidade as privatizações, contando com a melhoria do ambiente de negócios.

A Reforma da Previdência pode ser considerada exitosa, contudo, a pandemia de Covid.19 fez com que os projetos estruturantes ficassem em segundo plano. Aqui teve início o desgaste da área econômica. Tendo que liberar recursos para socorrer a área da saúde, a equipe econômica comandada por Guedes não foi capaz de trabalhar nas variáveis que garantissem normalidade na economia.

A escassez de produtos e serviços seria a realidade neste período pandêmico, o que não foi observado pela equipe econômica. A inflação galopante, realidade no mundo todo, assumiu proporções mais elevadas no Brasil. A política de juros foi utilizada de maneira equivocada, e com isso, a economia desandou. Mesmo sendo refém de decisões de governadores e prefeitos, o governo que preconizava o equilíbrio entre a economia e a saúde, não conseguiu se blindar.

Resumo da ópera: política fiscal questionada, risco Brasil em alta, refletindo na alta do dólar, preço da energia nas alturas, constantes aumentos no preço do combustível, carestia atingindo em cheio os mais pobres, tudo isso, recaiu sobre o governo Bolsonaro, e em especial a equipe comandada por Guedes.

A debandada de parte da equipe econômica de certa maneira reflete o abandono em parte da visão liberal, tão cara a Paulo Guedes. O ministro passou a ser questionado e sua vida pessoal investigada (a estratégia em aplicar recursos em paraísos fiscais veio à baila), e de unanimidade, Guedes passou a ser questionado.

Então seu prazo de validade no governo terminou? Avalio que não. Seria muito ruim para a economia brasileira uma mexida no comando do Ministério da Economia. Se muitos assessores já pediram o boné, certamente, novas baixas ocorreriam. Considerando que estamos com pouco mais de um ano de mandato do Bolsonaro, ter um novo comandante na economia, seria debilitar ainda mais a já debilitada economia.

O que resta então? Paulo Guedes voltar a sua essência, focar tecnicamente nas questões importantes do País, e tirar o atraso, trazendo consigo, a base aliada do governo, dando velocidade as reformas, notadamente a Administrativa e Tributária. Sua capacidade técnica tem que sobrepor as questões políticas, este é um dos únicos caminhos para que o respeito a Guedes seja reconquistado.

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