A miopia na política

Em vários setores da atividade econômica há bons e maus profissionais. Quem já não teve bons resultados com um médico, dentista, economista, engenheiro, construtor, só para citar alguns, e quantos não tiveram resultados ruins, com prejuízos por vezes elevados.

Neste contexto temos bons e maus jornalistas e evidentemente bons e maus políticos. Fazendo um recorte na política, pesquisas indicam que as Instituições como Senado, Câmara dos Deputados, entre outros, têm péssima avaliação por parte da sociedade. Isso indica que certos políticos efetivamente não representam o pensamento de quem os elegeu.

Não obstante esta realidade, o que mais preocupa é a miopia política. Uso esta expressão para identificar àqueles que não conseguem ir além do alcance de seus olhos. Isso é constatado tanto nos políticos com cargos eletivos, como aqueles que ocupam cargos públicos, chegando nos que expressam suas opiniões sobre a política. O reducionismo é o elo comum entre estes atores.

De um lado pautas fracas com bandeiras que trazem um discurso já comprovadamente ineficaz, que ficou no século passado. Há ainda quem entenda que ainda há espaço para o conflito entre capital e trabalho, que não é possível a cidade crescer harmonizando todos os setores da sociedade, que pequenos grupos de pressão mudam as coisas, enfim, aquela velha e cansativa narrativa de que haverá uma sociedade igualitária, e que países com sistema econômico centralizador são a solução para todos os problemas. A prática desmontou esta narrativa.

De outro lado vem análise rasa sobre o que ocorre na política. Pessoas que pensam ser formadoras de opinião, se perdem em teorias da conspiração, que só existem em seu imaginário. Conseguem influenciar no máximo meia dúzia de pessoas ao seu redor, muitos deles levados pelo canto da sereia, que uma vez alertados, e quando analisam este cenário “fora da casinha” se dão conta do quanto foram levados pelo canto desta falsa “sereia”. Alguns se salvam a tempo, outros não.

Também há os que usam de sofismas para emplacarem seus mais íntimos desejos de poder. Isso fica evidente quando falseiam estatísticas, quando tentam imputar responsabilidades a quem é inocente, até na comparação de dados incomparáveis. Inclusive há aqueles que somente imputam crime ou responsabilidade para quem tem pensamento distinto do seu. É aquela velha máxima: “aos amigos tudo, aos inimigos o rigor da lei”.

O resumo é: para imporem seu pensamento, para se manterem no poder, se tornam escravos de sua retórica, atingindo a chama miopia política, que em casos extremos podem chegar à cegueira política. Quando atingem este estágio, a cura é quase impossível.

Somente aguçando nosso senso crítico é que seremos capazes de identificar estes “pseudos” gurus da política e aqueles que atuam na política, eleitos ou não, que transformam o seu interesse pessoal, o seu projeto de poder em um mantra em que “tudo pode” para que atinjam seus objetivos. Resta-nos redobrar a atenção, separando os bons dos maus. Não é fácil, mas é necessário.  

? www.reinaldocafeo.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *