Em 2021 juros serão majorados

A política monetária praticada pelo Banco Central brasileiro pode ser considera “frouxa” levando em conta seu histórico. Ao longo dos últimos governo sempre foi oferecida a “ração” desejada pelo mercado, ou seja, e a liquidez do sistema sempre foi controlada e os juros básicos sempre operaram em níveis elevados.

A atual equipe econômica e mais particularmente os dirigentes do Banco Central derrubaram a taxa básica para seu menor nível histórico, sendo que atualmente a taxa praticada é negativa em termos reais (descontada a inflação). Esta é visão de curto prazo, mas a mudança existiu. Para que isso seja mantido a inflação tem que ficar controlada, o que não é a realidade atual.

No longo prazo toda vez que há no horizonte incertezas, a curva de juros se acentua, e a sinalização é que será preciso mudar o rumo das coisas agora para mitigar os riscos futuros. Sempre é bom lembrar que os juros tentam precificar as incertezas, os riscos, e quanto maior o risco, mais elevada será esta taxa.

Voltemos no curto prazo. A ata do Comitê de Política Monetária, cuja reunião ocorreu a semana passada, na qual foi tomada a decisão em manter a taxa básica de juros em 2% ao ano, deixa claro o reconhecimento que a inflação brasileira seguirá salgada no curto prazo. “As últimas leituras da inflação foram acima do esperado e, em dezembro, apesar do arrefecimento previsto para os preços de alimentos, a inflação ainda deve se mostrar elevada, com coleta extraordinária de preços de mensalidades escolares e transição para o mais elevado patamar de bandeira tarifária de energia elétrica”, afirmou o Banco Central (BC). A inflação de novembro ficou em 0,89% e o BC projeta inflação de 1,19% para dezembro.

Avaliando a ata mais detalhadamente o indicativo é que o BC acabará com o chamado “forward guidance” ou “prescrição futura”, em português. Foi adotado em agosto indicando que não pretenderia elevar os juros se a inflação fosse mantida sob controle e o risco fiscal não se acentuasse. Em linguagem mais simples: a ata indica que poderá ocorrer o fim dos estímulos monetários e caso seja necessário, e provavelmente será, os juros poderão subir.

Considerando que no Brasil cerca de 40% dos preços são indexados, ou pelo dólar ou por algum índice de preços; considerando que tanto o IPCA, como a série dos IGPs, o INPC, os índices ligados a construção civil, estão bem acima do razoável, e no caso dos IGPs muto acima, batendo mais de 20% em 12 meses, haverá o efeito inercial para 2021. Em outras palavras o ano que vem já sai com parte da inflação deste ano incorporado aos preços.

Juntando o que a ata do Copom sinalizou com esta constatação que a inflação em 2021 continuará pressionada, mais distante dos 3% e mais próxima dos 4%, projetar a taxa básica na ordem de 4% a 4,5% na virada do ano, parece factível.

As sinalizações são no sentido de taxa de juros real positiva e durante o ano o Banco Central deve ajustar a taxa de curto prazo nesta linha, eliminando incertezas quanto ao controle efetivo da inflação, a não ser que a questão fiscal seja tão rigorosa que abra espaço para afrouxar novamente a política monetária, o que, em ano pré-eleição presidencial, não nos parece que irá ocorrer.

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