Cada um de nós tem uma inflação para chamar de sua

As famílias brasileiras observam elevação de preços nos itens da cesta básica. Arroz, óleo de cozinha, soja e feijão são alguns itens que sofreram expressiva majoração.

Por outro lado, o IBGE divulgou o índice oficial de inflação no mês de agosto: 0,24%, acumulando no ano 0,70% e em 12 meses 2,44%. O mercado projeta inflação abaixo de 1,8% para este ano.

É inevitável a discussão sobre o comportamento dos preços na economia. A tentação inicial é não acreditar que a inflação oficial está correta. Muita calma nesta hora.

Na prática cada um de nós tem uma inflação para chamar de sua, à medida que cada família sentirá mais no bolso as eventuais altas de preços, dependendo do perfil de consumo.

Aqueles que possuem menor renda e canalizam a maior parte deste valor para o consumo de alimentos sente muito mais o impacto da alta dos preços dos alimentos, do que aqueles que possuem renda mais elevada. Já aqueles que possuem filhos em escola particular, por exemplo, e este valor mensal pesa no orçamento doméstico, já sentem de maneira diferente o comportamento dos preços, posto que este item teve queda de preços médio no último mês.

Mesmo com esta constatação é verdadeira a alta nos preços dos alimentos e bebidas. No caso específico do arroz houve queda da safra deste ano e com dólar mais elevado (referencial dos preços internacionais) o preço final está salgado, chegando a 30% de alta para os distribuidores e foram verificados até 100% de aumento para o consumidor final.

O impacto do dólar é observado nos principais produtos que são considerados commodities. É o tipo de produto em uma estrutura de mercado que se aproxima da concorrência perfeita em que o produtor é tomador de preços no mercado, ou seja, o preço é definido em muitos casos internacionalmente, pelo próprio mercado.

É importante colocar na conta que o dólar também impacta o custo dos insumos utilizados na agricultura, à medida que a indústria deste setor é concentrada. Também as empresas brasileiras estão priorizando as vendas para o exterior, sobrando menos produtos para o mercado interno.

Outra questão a ser considerada é metodologia de cálculo da inflação. O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, índice oficial do governo, coleta preços em todas as capitais brasileiras e abrange nove grupos. Neste particular é importante destacar: são produtos consumidos pelas famílias brasileiras (alguns itens regionalizados) que ganham de 1 a 40 salários mínimos mensais.

E não menos importante: cada produto e grupo têm um peso diferente no índice final. Puxam a inflação para baixo ou para cima o grupo transporte e o grupo alimentação e bebidas. Ambos respondem por 40% do total do IPCA.

Em resumo: a inflação oficial é verdadeira, e no mês de agosto dos 9 grupos pesquisados, 6 deles apontaram alta e 3 quedas. Na média, ponderada, entre alta de quase 12,98% no preço do tomate, queda de 3,47% na educação, alta de 0,67% em comunicação, queda de 0,78% nos vestuários, entre outros, tivemos o resultado de 0,24%.

Quanto a carestia constatada no dia a dia, em economia de mercado, o Estado deve intervir somente quando ficar caracterizado abuso do poder econômico e o consumidor deve ser soberano: sempre que possível substituir produtos ou reduzir quantidade. Com menos vendas, as margens de lucro serão reduzidas, os preços cairão.

Espero que a inflação que você chama de sua, esteja baixa.

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