Estou no meio da comunicação bauruense desde o início dos anos de 1990. Mais especificamente no jornalismo atuei na Rádio Auri Verde, na FM 94, sou ainda colunista do Jornal da Cidade há mais de 15 anos e nos últimos 4 anos na 96 FM, que em parceria com o Jornal da Cidade e JCnet, oferece ao público o jornalístico Cidade 360 e ainda o Café com Política. Para completar, produzo e apresento o Economia 360 também na 96 FM.
Fiz essa introdução para falar da nossa Bauru, afinal, no jornalismo lido diariamente com os problemas da cidade. Sempre militei no PB, Partido de Bauru, mas estou preocupado.
Desejando o melhor para cidade e querendo que a qualidade de vida do bauruense esteja entre as maiores do país, sempre tive um comportamento, diria “bairrista”. Bastava alguém desdenhar da cidade que eu vinha com o contra-argumentos, e tentava neutralizar quem falasse mau da nossa Bauru.
Os anos se passaram, e que observei é que, os políticos, as lideranças, enfim, aqueles que teriam algum poder sobre o destino da cidade, simplesmente não fizeram a lição de casa. Sempre vem à mente frase: “quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. Bauru parece, mesmo que involuntariamente, ter optado por isso.
É certo que desde os anos de 1990 a cidade perdeu musculatura. Primeiramente porque não se preparou para o desmonte do Estado. As privatizações retiraram da cidade importantes players do setor público, e a reposição não foi feita. Também nos anos de 1990 tivemos a queda da estima do bauruense. A crise política, com denúncias de corrupção, cassação de mandato de prefeito, consumiu a energia das lideranças e do cidadão, deixando um rastro de problemas, inclusive financeiros.
Nos anos 2000 tivemos o que podemos denominar de rito de passagem, com os políticos de ocasião tentando colocar a cidade nos trilhos (trilhos que no passado trouxeram desenvolvimento na cidade), mas agora novos trilhos.
A classe política, com parte dos políticos, os quais podemos rotular de “egocêntricos”, cuidou de inibir o surgimento de novas lideranças, e quando alguém se destacou, em vez de trazer o “novo” para a política, vieram com as mesmas ou até piores práticas políticas, retardando o crescimento e o desenvolvimento da cidade.
Talvez a inacabada obra da Estação de Tratamento do Esgoto e a ausência do Plano Diretor, que venceu em 2018, sejam os maiores símbolos desta leitura.
Isso tudo levou a desmotivação daqueles que poderiam fazer a diferença na cidade. Sem lideranças políticas, e com o distanciamento do setor público das lideranças empresariais e com líderes comunitários sem voz e vez, a cidade ficou à deriva, e não melhorou qualidade de vida de seus cidadãos, e ainda perdeu e vem perdendo seu protagonismo regional.
E alguém diante deste quadro pode perguntar: então não há o que comemorar neste dia primeiro de agosto, quando a cidade completa 129 anos? Claro que tem, contudo, com o passar do tempo, com o quadro político atual e a “acomodação” de parte da sociedade, aquilo que poderia ser o entusiasmo necessário para mudar a cidade, passou a ser desculpa para não participar de sua vida orgânica.
Apesar disso tudo, ainda falo com orgulho que sou bauruense, que acredito na cidade, pois, muito além da leitura que trago neste artigo, Bauru ainda tem algo faz a diferença: sua gente!
E é daqui que vem a esperança de que podemos dar uma guinada, afinal, grupos políticos que pensam em seu próprio interesse, passam, e essa “brava” gente bauruense (natos ou por adoção), permanece, e é, como foi, como será, capaz de tornar nossa cidade um exemplo a ser seguido.
Parabéns, Bauru, e principalmente parabéns a você que é do bem e faz a diferença nesta cidade!