Diplomacia é a palavra de ordem diante da ameaça dos Estados Unidos em aumentar as alíquotas de importação em 50% os produtos importados do Brasil.
A carta enviada ao governo brasileiro por Trump teve um viés político? Sim, contudo, mesmo em países tidos como liberais, que não é o caso do Brasil, ele majorou as alíquotas entre 25% e 40%, como foi o caso da Coréia do sul, por exemplo. Outro país afetado neste período foi o Japão, totalizando 14 países.
Ao citar Bolsonaro na carta, Trump deu argumento à esquerda brasileira para especular e mudar o foco do que efetivamente levou os Estados Unidos a adotar essa medida com o Brasil.
Quem acompanhou a reunião dos BRICs aqui no Brasil pode observar que o bloco, que era econômico e agora virou político teve os Estados Unidos como alvo.
O BRICs, bloco econômico formado inicialmente por países emergentes, com estágios semelhantes na economia, foram identificados no estudo do economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil.
Inicialmente batizado de BRIC, uma alusão ao Brasil, Rússia, Índia e China, em seguida, com o ingresso da África do Sul passou a se chamar de BRICs. Já em 2024, mais seis países foram convidados a se juntar ao bloco: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, tornando-se membros plenos em 2025.
Observem que muitas destes países são ditaduras, o que leva o grupo a adotar um comportamento mais político do que econômico.
Alguns ataques da cúpula dos BRICs aos Estados Unidos, incluindo o Brasil, foram explícitos e outros velados. Tiveram como foco, desde a condenação dos americanos em sua postura no conflito entre Israel e Irã (agora membro dos BRICS), até o flerte cada mais evidente do bloco com a Rússia e China, outros dois importantes membros dos BRICs, passando pela menção, novamente, de que o bloco intenciona abondar o dólar como moeda de referência.
O presidente Lula, representando o Brasil, não escondeu em momento alguma sua clara intenção de se distanciar dos Estados Unidos. E mais, em recente entrevista, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, atribuiu ao presidente brasileiro a intenção de buscar uma moeda alternativa ao dólar para o comércio entre os países membros do BRICS.
A resposta americana veio forte e agora o meio empresarial, já afetado pelo aumento das alíquotas, afinal já houve cancelamento de carregamento de produtos cujo destino era os Estados Unidos, quer que a diplomacia prevaleça.
É neste momento que se separam os adultos dos meninos, e neste caso, os oportunistas dos Estadistas.
O país não pode permitir que, em nome de um eventual resgate de popularidade do presidente Lula, com a falsa defesa da Soberania Nacional, perca a oportunidade de dialogar e conseguir o melhor acordo para o Brasil.
Lembrando que membros do governo de Trump também indicam tarifas secundárias de 100% aos países que mantenham comércio com a Rússia, em clara sinalização de que as sanções comerciais seriam a maneira de levar ao seu final a guerra com a Ucrânia. O Brasil está na mira americana neste quesito. Imaginem: um acional de 100% nas tarifas!
No tocante ao viés político das medidas de Trump, o certo é que ele colocou o bode na sala e vamos ver por quanto tempo o governo brasileiro aguenta o cheiro.
Tempos difíceis exigem pessoas capazes de dialogar e acima de tudo, Estadistas com o E maiúsculo.