Credibilidade, estabilidade e previsibilidade

Para o meio empresarial brasileiro, o candidato do PT à presidência, Lula, e seu candidato a vice, Alckmin, têm preconizado que para governar o país é preciso ter credibilidade, estabilidade e previsibilidade.

Curiosamente, como o PT não divulgou seu plano de governo para economia, para entender que a esquerda pretende para a economia é preciso ir juntando partes do discurso tanto de Lula como de Alckmin.

Como não há clareza na proposta, posto que as declarações de Lula são vagas, há mais dúvidas que certeza. Por exemplo, Lula disse que irá aumentar o salário mínimo acima da inflação, quando perguntado como o fará, ele respondeu “fazendo”. Isso para citar somente um exemplo.

Voltemos as questões da credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Estes três elementos já existem no modelo econômico atual, por isso, coloca em xeque as eventuais críticas a sinalização de que é necessária uma guinada na condução econômica do país.

Um modelo econômico que mesmo com os necessários gastos durante a pandemia, mantém a relação dívida pública com o PIB estável e em queda, gera sem dúvida credibilidade junto aos agentes econômicos. Outro indicador é que, pela primeira vez em 9 anos, será possível fechar as contas públicas com superávit primário (receitas menos gastos, sem considerar o serviço da dívida). Aqui é a prática de um dos elementos básicos do tripé-macroeconômico: rigor fiscal. O Teto de Gastos é um dos elementos para garantir que isso perdure ao longo dos anos. Nesta mesma linha, é preciso ter um Estado mais enxuto, menos gastar, o que passa ao largo na proposta do Lula Petismo.

A estabilidade pode ser analisada em vários ângulos. Se a colocação de Lula é em relação a economia, o Banco Central, por sinal, que se tornou autônomo e independente no atual governo, inclusive sem a coincidência de mandato do seu presidente com o mandato do presidente da República, vem fazendo isso com primazia. Utilizou a política monetária no momento certo, que combinada com a política tributária, com desoneração fiscal, derrubou a inflação. O IPCA, inflação oficial, tem o terceiro mês consecutivo de deflação, e muito provavelmente o índice fechará o ano próximo a 5,5%, diferentemente do que ocorre em outros países. No ambiente de negócios não há como desejado estabilidade jurídica, por pura interferência do judiciário nas relações comerciais, mas isso não tem ligação com o Executivo Federal, que por sinal, tem clara postura pró-mercado.

E quanto a previsibilidade não nem que argumentar: imagine você que tem uma empresa, o faturamento está crescendo acima da inflação (o PIB deste ano deve crescer 2,7% acima da inflação), os gastos estão controlados, e o resultado é de lucro (superávit primário), a dívida com terceiros está estável e o capital estrangeiro está sendo aportado para que seus negócios avançam. Além disso, suas coligadas, que davam prejuízo estão no azul (uma alusão as Estatais que foram aparelhadas nos 14 anos do PT no governo) você trocaria o CEO, o presidente da companhia? É a resposta é óbvia.

Se há algum problema com a previsibilidade, é embarcar em um modelo econômico que serviu ao país em um período sem crises, contando com um boom das commodities, que gerou bem-estar artificialmente, e que a conta chegou no governo de Dilma, ainda do PT, que culminou com pedaladas fiscais e impeachment da mesma. Modelo inclusive em que prevaleceu a cleptocracia (uso do poder político para se apropriar da riqueza de sua nação).

Em resumo: a credibilidade, estabilidade e previsibilidade sinalizada pelo Lula Petismo aos agentes econômicos, já existem e foram testadas. A falta de modelo econômico claro, remetendo a um tempo que ficou no passado, vão no sentido contrário do preconizam os candidatos da esquerda. Reflita sobre isso: vale o risco?

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